As
diferenças entre os vinhos dos chamados Velho e Novo Mundo são tema de muitos
artigos e acalorados debates entre os enófilos. No entanto, percebe-se que até
mesmo o mais experiente sommelier
pode cometer o engano e perceber, ao revelar o rótulo ao término de uma
degustação às cegas, que o complexo, estruturado e elegante Cabernet Sauvignon
não é um Grand Cru Classé, e sim um tinto do Novo Mundo, que tem no Chile um
dos seus expoentes.
Muitas
são as questões que levaram ao que hoje chamamos mercado globalizado do vinho. Espanha
e Portugal começam a produzir tintos mais amadeirados para agradar o paladar
americano, e casas como Baron Philippe de Rothschild e Rothschild-Lafite se
associam a produtores chilenos (Conha Y Toro) e argentinos (Catena) para
expandir seus negócios. Do outro lado, vinícolas do Novo Mundo aprimoram suas
técnicas e começam a produzir tintos tão complexos e lonjevos quanto um
Bordeaux Gran Cru Classé.
Em
uma degustação às cegas promovida pela ABS-RJ (Associação Brasileira de
Sommeliers) comandada pelo Prof. Roberto Rodrigues, foram degustados 07 vinhos
excepcionais, de corte e estrutura similares, para que descobríssemos qual era
o Gran Cru Classé – é claro que se esperava que fosse o campeão da degustação. Realmente,
todos os vinhos eram soberbos, e, após dadas as notas, escolhido o campeão e
revelados os rótulos, surpresa! A estrela de Bordeaux – o Gran Cru Classé Pichón-Longueville
Comtesse de Lalande 2007 ficou em 3º lugar, em 2º ficou o californiano Caymus e
o campeão foi o chileno Almaviva 2007, produzido nos melhores vinhedos da
Concha Y Toro em associação com a Baron Philippe de Rothschild.
Notas
e classificação à parte, foi uma oportunidade única de degustar excelentes
vinhos, uma experiência lúdica e memorável para qualquer enófilo.
Enocultura:
O
Gran Cru Classé Pichón-Longueville Comtesse de Lalande é produzido pela
tradicional casa Pichón-Longueville em Bordeaux, na subregião Pauillac. Segue o
corte específico da região, tendo a safra de 2007 58% de Cabernet Sauvignon,
36% de Merlot, 2% de Cabernet Franc e 4% de Petit Verdot. Os vinhos do Pauillac
estão entre os mais longevos e atraentes do mundo. Seus vinhos têm suavidade
mesmo quando jovens, e, após o envelhecimento, desenvolvem camadas de sabores
frutados e etéreos que não são encontrados em nenhuma outra região.
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