O
café brasileiro enfrenta forte concorrência internacional, mas o investimento
em tecnologia vem dando força a uma linha de cafés especiais que vêm
estimulando o mercado nacional. Exemplos disso são as redes de cafeterias
Armazém do Café com excelentes blends e varietais, a qualidade do café Braúna, entre
outros.
Mas
nada como ter o nosso café como parte do sucesso que a marca Nespresso alcançou.
Quando compramos nossa máquina, no final de 2008, a loja de Ipanema tinha pouco
movimento, e agora aos sábados as filas são grandes e a rede já conta com uma
loja no Barra Shopping e várias em São Paulo, além de Brasília e Campinas (veja aqui a relação completa).
A
marca lança duas vezes ao ano edições especiais limitadas, que são tão
aguardadas como o lançamento de filmes blockbusters. Mas pela primeira vez a
Nespresso teve que relançar uma edição limitada, o Kazaar, tamanha a comoção
dos consumidores. E o mais interessante é que o blend tão cobiçado é feito a
partir de grãos considerados “menos nobres” de Coffea Canephora, ou conilon.
Infelizmente
o Kazaar não está mais disponível, mas ainda é possível adquirir no e-Bay, e há
aqueles que fizeram um grande estoque para consumo pessoal (nós ainda temos
alguns sleeves!). Há também um perfil do facebook dedicado ao Kazaar, quem sabe
a Nespresso não o coloca como item regular de seu portfólio?
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Nespresso Kazaar |
Abaixo
reproduzimos uma interessante matéria intitulada “Outros Grãos” publicada na
revista Gula, edição 229, por Luciana Mastrorosa.
“No
começo do ano, a Suíça Nespresso chamou a atenção ao relancar o Kazaar, um de
seus cafés "limited edition". Foi a primeira vez que isso aconteceu
na história da marca e o motivo foi um só: o Kazaar voltou a pedido do público.
Explico: em 2010, quando foi apresentada pela primeira vez, a bebida mostrou-se
um fenômeno mundial: esgotou ern quatro semanas, em vez das 11 habituais para
outras de edição limitada. De lá para cá, os consumidores, cativados pela potência
do café (que quebrou os paradigmas da própria Nespresso,
atingindo nível 12 de intensidade em vez dos 10 convencionais), entraram em
contato com a companhia pedindo o
retorno desse blend especial. Até ai, nada de mais, já que é relativamente
normal que o público se encante por um
ou outro produto de vez em quando.
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Conilon Capixaba |
O que é realmente curioso nessa história é que o Kazaar só
tem essa incrível intensidade, corpo e amargor — sem aspereza, diga-se — graças
a sua fórmula peculiar: a maior parte do blend é composta por cafés da espécie Coffea
canephora, popularmente conhecidos como robusta e conilon, variedades em
geral consideradas de qualidade inferior em relação aos arábicas (Coffea
arabica). E, aqui, mais uma curiosidade: o conilon especial usado no Kazaar
é brasileiro, do Espirito Santo, estado em que, não por acaso, empresas como a
Conilon Brasil (www.conilonbrasil.com.br) vem desenvolvendo projetos que buscam
mudar a imagem dessa variedade. Esse tipo de trabalho é fundamental já que,
infelizmente, a maioria dos robustas e conilons brasileiros ainda é tratada sem
muito preparo e torrada à exaustão, resultando em bebidas de qualidade duvidosa
(ou, por que não dizer, ruins).
No
caso do Kazaar, somam-se ainda um robusta guatemalteco e uma ínfima parte de arábica,
também brasileiro, do Cerrado, para suavizar ligeiramente a potência dos
demais. Usando a técnica conhecida como "split roasting", a marca
consegue torrar os grãos separadamente, de modo a extrair apenas as melhores
características de cada um.
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Café Conilon |
O
sucesso da bebida prova que nem só os arábicas resultam em cafés especiais
agradáveis na xícara. E claro que, comparativamente, os grãos dessa variedade
tem delicadeza e elegância próprias — desde que respeitados os cuidados corn o
grão, do plantio à torra e com a extração. E, em geral, os arábicas são mais
leves, aromáticos (cítricos, achocolatados, florais) e naturalmente doces. Já
os canephoras tendem a ser mais amargos, com menos aromas e grande
adstringência e corpo, o que os torna cafés apropriados para blends que queiram
destacar força, potência e cafeína. Quem prefere delicadeza, acidez agradável e variedade de aromas, vai
continuar escolhendo os arábicas. Mas
o exemplo do Kazaar .... abre um mar de possibilidades para os amantes
de bebidas intensas e de personalidade forte.”
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