Quando falamos em Pouilly Fumé estamos nos referindo a
uma das AOC que compõe o Vale do Loire e de vinhos feitos exclusivamente da
cepa Sauvignon Blanc. O solo composto por argila e sílex confere a mineralidade
muito característica de seus vinhos.
Não se sabe de fato como a vinicultura começou no Vale do
Loire, mas parece provável que as vinhas de áreas agora conhecidas como
Bordeaux, ao Sul, e Borgonha, a Leste, tenham sido levadas para lá. Os romanos
ocuparam a região pelos primeiros quatro séculos da era cristã, e ali
implantaram sua tecnologia de vinicultura, como comprovam os fornos escavados
(para queima de ânforas de argila em que guardavam vinho), que datam do séc. I.
Em 591, a vinicultura estava estabelecida na região o suficiente para que o
bispo Gregório de Tours, em seu livro "A História dos Francos", descrevesse uma
colheita bem sucedida e reclamasse que saqueadores bretões ocupavam vinhedos na
região agora conhecida como Muscadet.
No séc. XII, o vinho tinto de Anjou era embarcado para a
Inglaterra por comerciantes de Angers, e grandes quantidades de tinto e branco
também saiam de várias partes da região para o próspero e independente
principado de Flandres.
O comércio de vinho do Vale do Loire continuou vigoroso
até meados do séc. XX, impulsionado pela proximidade de Paris, assim como da
costa do Atlântico e dos mercados de além-mar.
Os
vinhos brancos dominam a produção representando 52% do total. Em seguida vêm os
tintos com 26%, os rosés com 16% e espumantes 6%.
A
superfície de vinhedos plantados é de 52.000 ha e a produção anual é de 300
milhões de litros.
O Vale do Loire conta atualmente por volta de 60
denominações. É o primeiro a produzir vinhos brancos de AOC da França, bem como
a primeira região em matéria de produção de vinhos efervecentes (fora o
champanhe). Há vários anos assiste-se a um verdadeiro despertar dos terroirs. Baixa
dos rendimentos, melhor segmentação das denominações, mais cuidados nas
vinificações e no amadurecimento dos vinhos: todo esse trabalho de fundo visa à
melhora da qualidade dos vinhos. Já chegou à criação de novas denominações,
sendo as últimas as de Orléans e de Orléans-Cléry (desde 2005).
O produtor
Pascal Jolivet é uma das maiores estrelas do Loire na
atualidade, elaborando pequenas quantidades de vinhos muito elegantes, cheios
de finesse e equilíbrio. A safra de 2010, que degustamos, contou com apenas
6000 garrafas.
Utilizando práticas não intervencionistas e alguns dos
mais privilegiados terroirs da região, elabora excelentes Sancerre e
Pouilly-Fumé - unanimidades entre os restaurantes estrelados do guia Michelin
na França.
O vinho
O Pouilly Fumé Indigène é fermentado naturalmente nas suas próprias
leveduras e então amadurecido sobre as borras por 12 meses antes de ser
engarrafado sem filtração.
Apresenta cor amarelo palha brilhante e bonita. No nariz,
ligeiro, é bastante mineral e apresentou notas florais de lírios e jasmim, um
leve toque de maracujá, abacaxi e mel. Aromas delicados que surgem ao longo da
degustação. Bem diferentes dos Sauvignon Blanc do Novo Mundo, que apresentam
aromas adocicados e muito acentuados de maracujá.
Na boca é fino e elegante, confirmando a mineralidade e o
frescor das frutas e do mel. A acidez e o álcool estão equilibrados e o seu
final é agradável e de média duração.
Foi uma ótima pedida para ajudar a enfrentar o tórrido
calor do Rio de Janeiro.
A nossa nota foi 88 e a da Wine Spectator é 91 (um pouco
exagerado).
Adquirimos esta garrafa na Lavinia em Paris no ano
passado e custou o equivalente a R$97,00.
Fontes consultadas para esse post:
Larousse do Vinho
Vinhos Franceses - Robert Joseph
Comentários
Postar um comentário