A última segunda-feira foi dia de degustação de vinhos da Alsácia na ABS-RJ. O clima tinha tudo a ver
com a ocasião (já que a Alsácia é famosa por seus vinhos brancos e crémants): estava calor, muito calor!
Mais uma vez, termômetros ultrapassando os 30ºC...
A
apresentação ficou por conta do embaixador dos vinhos alsacianos no Brasil: o
francês Olivier Bourse.
Olivier
é sommelier formado pela Universidade do Vinho de Suze-la-Rousse (Provence), trabalhou na adega Caves Taillevent em Paris e estabeleceu residência em São Paulo em 2005.
Hoje é consultor de grandes importadoras de vinhos no Brasil.
A
Alsácia tem grande influência germânica, já que pertenceu à Alemanha em
diferentes momentos da História. Localiza-se às margens do rio Reno, faceando a
região vinícola alemã de Baden. Os nomes das cidades, das pessoas e dos
vinhedos são quase que totalmente de origem alemã, bem como as variedades de
castas cultivadas.
A
região conta com uma grande variedade de solos, subsolos e micro climas,
levando os produtores alsacianos a cultivar várias cepas: Sylvaner, Pinot
Blanc, Riesling, Muscat d’Alsace, Pinot Gris, Pinot Noir e Gewurztraminer.
A
altitude dos vinhedos varia entre 170 a 550m. Devido a altitude o clima deveria
ser fresco, mas as cadeias de montanhas (Maciço de Vosges) que atravessam de
Norte a Sul, acabam por proteger os vinhedos dos ventos e das chuvas. Isso faz
com que a região possua um dos menores indíces pluviométricos anuais do país, 500
a 650mm. A exposição solar é de 1.800 horas anuais e durante o período de
maturação das uvas há alternância entre dias quentes e noites frescas. Estes
fatores contribuem para qua os vinhos sejam estruturados, possuam aromas
complexos, grande frescor e acidez equilibrada.
A
região conta com cerca de 15.500ha de videiras divididas entre 4.500 produtores
e a produção anual é de 1,15 milhões de hectolitros (150 milhoes de garrafas),
sendo 90% de brancos. Desta produção, 75% é comercializada dentro do país e o excedente
exportado.
AOC Alsace (criada em
1962, representa 72% da produção): o nome AOC pode ser complementado por uma
denominação geográfica comunal. Essa denominação precisa atender padrões
rigorosos de produção tais como variedade de casta, densidade de plantação,
poda, amadurecimento e rendimento.
São
permitidos 11 nomes de denominações comunais:
Saint-Hippolyte
Côtes de Barr
Scherwiller
Côte de Rouffach
Vallée Noble
Klevener
de Heiligenstein
Val
Saint-Grégoire
Ottrott
Wolxheim
Rodern
*
AOC Alsace “lieu-dit” (pequena
localidade): “lieu-dit é o nome dado localmente a um lote de terra ou vinhedo
dentro de uma denominação maior. Também devem seguir regras específicas de
produção que são mais rigorosas quando comparadas às da comunal.
AOC Alsace Grand Cru (criada em 1975, representa 8% da superfície e 4% da produção): criada para
diferenciar 51 “lieux-dits”. Em 2011 estas localidades foram reconhecidas como
denominações distintas.
Apenas
4 castas são autorizadas: Riesling, Muscat, Pinot Gris e Gewurztraminer.
A
AOC Grands Crus mostram a influência dos diferentes terroirs sobre os vinhos. A
designação é atribuída a vinhos que satisfazem um conjunto de critérios
relacionados à qualidade: limitações estritas sobre terroir, baixo rendimento,
regras específicas de condução das videiras, níveis mínimos de maturação
natural e de sabor.
O
tamanho dos vinhedos Grand Crus pode variar entre 3 e 80ha.
O
rótulo do vinho deve apresentar a safra, o nome de um dos 51 terroirs dentro da
denominação Grand Cru. Não é obrigatório mencionar a casta.
Estes
vinhos estão entre os melhores brancos do mundo. São finos e complexos e
apresentam grande potencial de guarda (10 a 30 anos). São considerados
verdadeiras jóias.
Diferentemente
de outras regiões francesas, a denominação Alsace traz no rótulo o nome da
casta, que deve entrar 100% na composição do vinho. É possível encontrar cortes
de castas brancas recebendo a menção Edelzwicker
ou Gentil no rótulo, porém não é
obrigatório informar as castas utilizadas, a quantidade utilizada nem a safra.
AOC Crémant d’Alsace
(criada em 1976, representa 22% da produção): para a elaboração do
Crémant d’Alsace é necessário a utilização do método tradicional. As castas
autorizadas são a Pinot Blanc, a Pinot Gris, Pinot Noir, Riesling e a
Chardonnay.
Vinhos doces
Late Harvest ou
“Vendages Tardives”:
são elaborados com as uvas colhidas quando estão muito maduras e começaram a
ser atacadas pelo Botrytis Cinerea, geralmente várias semanas após o início da
colheita. As castas mais utilizadas são a Gewürztraminer, Pinot Gris, Riesling ou
a Muscat.
Sélecion de Grains
Nobles:
para a elaboração deste vinho, as uvas são colhidas uma a uma e durante
sucessivas passagens pelos vinhedos. Apenas os grãos que apresentam a “Podridão
Nobre” são colhidos. Os vinhos são intensos, com grande complexidade de aromas
e sabores.
Ao
final da apresentação degustamos sete vinhos de renomados produtores
Alsacianos. Vamos a eles?
No
nariz as notas são de framboesas e morangos. Em boca é cremoso, com bom corpo e
boa acidez. De final levemente amargo.
Importado por: Chez France – R$83
Leves
aromas de mel, pêra, abacaxi e hortelã. Em boca apresentou corpo leve, acidez
viva e refrescância. De final médio e retrogosto de toffee e avelãs tostadas.
Importado
por: Taste Vin – R$64
Aromas
de maçã verde, capim limão, flor e mel. Com boa mineralidade em boca, excelente
acidez e frescor.
AOC Alsace Riesling
2010 “Terroir Alsace”, Zind-Humbrecht
Mostrou
notas minerais e cítricas (limão), maracujá e um leve aroma de
querosene. Em boca a mineralidade e as notas cítricas são confirmadas, elevada
acidez e de final persistente.
No
nariz os aromas são de rosas, maçã e lichia. Em boca é fresco, com alta acidez
e mineralidade.
Aromas
florais, capim limão e mel. Em boca apresentou bom corpo, boa acidez e de final
muito longo e doce.
Aromas
intensos de damasco, casca de laranja e caramelo. Em boca apesentou elevada
acidez, bom corpo e final longo.
Pudemos confirmar o que Olivier declarou logo no início da apresentação: vinhos de alta qualidade, aromáticos e cheios de luz.
Material
pesquisado para este post:
Os
Segredos do Vinho – José Osvaldo Albano do Amarante
Larousse
do Vinho
Vinhos
Franceses – Robert Joseph
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