O último Winebar de
2013 aconteceu no dia 16 de Dezembro e o tema foi voltado a harmonização do
vinho com a música.
Vários
blogs participaram e cada um recebeu duas garrafas de vinho escolhidas pela 'Wines of Argentina', além de uma lista contendo 115 músicas selecionadas pelo
blogueiro e músico Mauricio Tagliari.
Também participou do evento o enólogo da Viña Zorzal, Juan Pablo.
Durante
o programa, Daniel Perches lançou um
desafio aos participantes. Deveríamos propor uma harmonização Vinho x Música
para os vinhos que recebemos. O prêmio é tentador: uma viagem para a Argentina,
a fim de visitar vinícolas.
‘Idas
e Vinhas’ foi atrás de algum estudo científico que comprovasse (ou não) a
harmonização entre vinho e música e que, ao mesmo tempo, facilitasse o entendimento
aos leigos (como nós, até aquele momento!).
Encontramos
um estudo realizado pelo enólogo e músico californiano Clark Smith que há anos realiza pesquisas sobre o assunto.
Relatamos
abaixo alguns fragmentos do estudo:
De
onde vêm as experiências mais marcantes? Tanto os apreciadores de vinhos quanto
os de música podem relatar um momento mágico acontecido quando uma música ou um
vinho marcaram um determinado acontecimento em suas vidas. Uma vez vivenciado
tal momento único, muitos se dedicam a recriá-lo. Naquele momento, não só o
vinho, mas todo o ambiente entrou em perfeita harmonia com o indivíduo.
Há
cada vez mais evidências científicas que demonstram como o cérebro percebe a
música, e através destes estudos, Clark
Smith investigou extensivamente como a música e o vinho estão intimamente
ligados e um pode complementar o outro. O auge da experiência não está apenas
na música ou no vinho e sim na harmonização de ambos que nos leva à
possibilidade de explorar novas formas de melhorar o nosso prazer e até mesmo
nos ajudar a explorar essas experiências inesquecíveis.
O
mesmo acontece quando harmonizamos a comida com o vinho. A comida pode ficar
ainda melhor quando a escolha do vinho foi correta, e vice versa. Os estudos de
Smith mostraram que a preferência por um vinho pode ser fortemente influenciada
pela música. “Quanto mais exploramos, mais misterioso se torna o vinho. Ele se transforma
na imagem dos nossos sentimentos”, diz Smith. Associamos os diferentes tipos de
vinho com os diferentes estados de espírito, assim como fazemos com a música.
Quando combinam, um melhora o outro. O contrário, é desastroso.
O
quê harmoniza com o quê? Qualquer um pode diferenciar uma música alegre de uma
triste, a nervosa/raivosa da romântica e assim por diante. O mesmo acontece com
o vinho: um Cabernet Sauvignon pode ser considerado “nervoso” por ser encorpado
e ter os taninos pronunciados. Já o Pinot Noir é romântico devido à sua cor, os
aromas são delicados o seu corpo médio e os taninos leves. O Riesling é alegre
por apresentar aromas florais e de frutas brancas. Dessa forma, a escolha
correta do vinho pode equilibrar a potência do Cabernet Sauvignon, acentuar o
romantismo do Pinot Noir, e daí por diante...
Vamos aos vinhos?
Espumante Bianchi
Extra Brut 2006 – Método tradicional
Harmonização sugerida: “Our Day Will Come – Amy Winehouse”.
De
cor amarelo ouro e reflexos dourados. O perlage
é de muito boa persistência e formou um leve colar na superfície da taça. No nariz
os aromas são frutados (abacaxi e damasco seco), amêndoas tostadas e alguma
nota de café. Em boca mostrou leve cremosidade, os aromas de tostado e abacaxi
foram confirmados, boa acidez com certa mineralidade. De final agradável mas não
muito persistente.
Nossa
nota IV: 86
Este
espumante nos fez lembrar um momento maravilhoso que ficou marcado em nossas
memórias em nossa última viagem à França: o passeio aos Jardins de Monet.
Pensamos: finalmente “Chegou o nosso dia”.
Para
nós o Bianchi Extra Brut tem tudo a ver com uma ocasião como essa: uma bela
tarde ensolarada e de temperaturas amenas, em um jardim florido, com árvores
frutíferas carregadas. O espumante é para momentos especiais e alegres como
este. A variedade de aromas que o Bianchi revelou harmonizaria perfeitamente com a diversidade
de flores, frutas e seus perfumes.
A
música que escolhemos para harmonizar com o Bianchi Extra Brut foi “Our Day Will Come – Amy Winehouse”. O título
já diz tudo. O ritmo é agradável, a letra é bonita e de quebra a cantora era
apreciadora de vinhos.
Finca La Celia - La
Consulta Reserva Chardonnay 2010
Harmonização
sugerida: “Barcarole – Frédéric Chopin”
Cor
amarelo-ouro, com reflexos dourados. No nariz apresentou aromas de lima,
abacaxi em compota, manteiga, funcho, mel e madeira. Em boca sobressaem os
aromas de tostado e o de abacaxi. É fresco, equilibrado e de médio corpo. De
final longo e retrogosto com notas de mel. Fácil de beber e pede mais uma taça!
Nossa
nota IV: 85
Achamos
que esse Chardonnay harmoniza bem com a música para piano solo “Barcarole – Frédéric Chopin” que foi
composta entre o outono de 1845 e o verão de 1846. Para nós, a música é alegre e
fácil de se ouvir tal qual um Chardonnay deve ser. Por estarmos no verão,
harmonizou com o período em que a composição da música foi finalizada. E tanto
em boca quanto no nariz as sensações nos lembram da alegria que a música nos
transmitiu.
Foi
um exercício bastante divertido! Para quem se interessou pelo assunto, já há
muitas fontes de consulta e dicas de harmonização propostas por estudiosos da
matéria.
Sites pesquisados
para este post
Postmodern Winemaking (Clark sugere várias
músicas que harmonizam com diversos vinhos e castas)
SFGate
Muito bom o post, parabens!!
ResponderExcluirObrigado pela visita e pelo comentário!
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