Na sua melhor
expressão, Champagne é o expoente dos espumantes, quer seja pela finesse,
complexidade, diversidade e capacidade para envelhecer. No entanto, o Champagne
não está completamente sozinho no setor de espumantes top. O italiano Franciacorta
é provavelmente o rival mais próximo do Champagne pela qualidade e
complexidade, mas é um David lutando contra um Golias - com 2.700ha em vinhedos,
é menos de um décimo do tamanho de Champagne.
Carneros
e Anderson Valley, na Califórnia, e South Downs na Inglaterra também produzem
alternativas respeitáveis. Muitos outros conseguirão tais níveis de qualidade,
à medida que suas vinhas alcancem mais idade e com os benefícios das mudanças
climáticas. A ironia é que a melhor competição é muitas vezes tão cara, às
vezes até mais, do que o Champagne.
Rumo à melhor
qualidade
Os
produtores de Champagne são realistas e perseverantes, e estão trabalhando duro
para fazer vinhos ainda mais finos. Um novo projeto chamado Champagne 2030,
lançou um debate inovador entre os produtores sobre a forma de fazer cumprir
normas mínimas de maturação em Champagne, tendo como objetivo agradar ainda
mais os clientes mais exigentes. A discussão mais animada vai girar em torno da
proposta de insistir em um período mínimo de três meses de envelhecimento pós-dégorgement. Isso pode soar excessivamente
técnico, mas é uma questão vital de prazer de beber ideal: todos os Champagnes
deveriam descansar após o dégorgement
(processo de remover os sedimentos de leveduras das garrafas), que os
trabalhadores chamam de “l’opération”.
Como qualquer procedimento cirúrgico, a recuperação é essencial. No entanto, a
opinião entre os diretores das grandes casas parece estar dividida, enquanto os
mestres de adega provavelmente apoiarão o período de descanso proposto.
Outro
impulso para uma maior qualidade é a tendência de diminuição no nível de
dosagem (ou licor de expedição: a mistura de açúcar e vinho adicionada antes do
fechamento da garrafa, fundamental para arredondar o Champagne), refletindo
outonos mais quentes e maior amadurecimento das uvas. É o teor de açúcar da
dosagem que classifica o Champagne em Extra Brut, Brut, Extra Dry, Demi-Sec,
etc.
Muitas
casas utilizam em torno de 6 a 8 gramas de dosagem para as suas vintages cuvées, enquanto produtores de
ponta continuam adotando a quantidade de 3 a 6 gramas para a categoria Extra
Brut. Já o Brut Nature / Zéro Champagne com nenhum açúcar adicionado, virou
moda em Paris, mas não deve durar muito visto que são necessários frutos
especialmente finos para torná-lo agradável de beber.
Como
o próprio nome indica, Champagne Vintage é o vinho oriundo de uvas de uma única
safra, considerado de tão alta qualidade que merece ser distintamente
engarrafado. Ele é mantido separado do grande volume non-vintage (NV), que
normalmente é uma mistura do vinho da última safra, mais vinhos reserva das
safras anteriores (de 2 até 12).
Enquanto
o Champagne Vintage revela tudo sobre o caráter de um bom ano, com forte
sentido de terroir, o Non Vintage tem como objetivo manter o equilíbrio e
consistência do estilo de uma determinada casa.
Champagnes
Vintage apresentam diversos estilos. Blanc de Blancs são elaborados utilizando
a Chardonnay, mas há também uma pequena quantidade de Pinot Blanc/Pinot Meslier
no départment de Aube. Blanc de Noirs
são feitos com a Pinot Noir (e por vezes também com Meunier). Mas os melhores
vinhos Vintage são um blend clássico
de Pinot Noir (50%) e Chardonnay (50%), com elevado percentual de uvas provenientes
de vinhedos grand cru.
A
Chardonnay traz vivacidade, frescor e estrutura; com o envelhecimento, desenvolve
notas de noz tostada. A Pinot Noir confere corpo e finesse, enquanto a Meunier oferece aromas de panificação.
Comentário Idas e Vinhas: Ao contrário do que prega o senso comum de que Champagne
é para ser bebido jovem, os Vintage envelhecem muito bem. Além de passarem por
um maior tempo de maturação antes de serem lançados no mercado, ganham muito em
qualidade e complexidade com mais alguns anos em adega. Alguns, considerados
brilhantes, podem ir ainda mais longe (e pudemos comprovar isso: degustamos um Cuvée Dom Perignon 1993 e um Veuve Clicquot La Grande Dame 1989 Brut em 2010, e estavam soberbos!).
Saiba mais sobre as
safras
2009
– O verão quente favoreceu o bom amadurecimento das uvas. O resultado: vinhos
generosos. Beber entre 2014-2020.
2008
– Safra clássica, de longa vida e que precisa mais tempo em garrafa para beber.
Alguns dizem ser tão boa quanto a de 2002. Beber entre 2018-2030.
2007
– Safra magra e para beber cedo. Esta safra foi melhor para a Chardonnay dos
vinhedos grand crus.
2006
– Safra madura e encantadora ao estilo de Borgonha, especialmente para a Pinot
Noir. Prazerosa.
2005
– Esta safra não foi muito boa para a Pinot Noir. Foi melhor para os vinhedos grand crus de Chardonnay.
2004
– Safra clássica com aromas sutis e frescos.
2003
– Período excessivo de calor. A safra foi atípica e com muito pouca acidez. Não
é para guarda. Alguns bons rosés foram produzidos. Tenha cuidado ao comprar.
2002
– A primeira grande safra dos anos 2000: rica, complexa e de longa vida para os
pacientes. Beba até 2025.
2001
– Vinhos sem estrutura. Evitar!
2000
– Safra generosa. Foi melhor do que se pensava; alguns grandes e ricos
Chardonnays.
Dados sobre Champagne
Total
de hectares em produção: 33.580
Quantidade
de garrafas (750ml) produzidas anualmente: 308.840 milhões
Castas
cultivadas: 38% Pinot Noir, 32% Pinot Meunier, 30% Chardonnay e uma pequena
fração de Pinot Blanc e Pinot Meslier.
Produtores
X negociantes: 400 negociantes e 15.000 produtores auto-sustentáveis
Principais
mercados: A Inglaterra é o maior importador de Champagne, em seguida vêm os
Estados Unidos e a Alemanha. Japão, Itália e a Austrália são importantes
mercados para os Champagnes de melhor qualidade.
A
revista Decanter realizou uma
degustação de 79 rótulos de Champagnes Vintage de várias safras e produtores.
Os
resultados foram: 1 excelente, 16 altamente recomendados, 59 recomendados e 3
não indicados.
Listamos
aqui o excelente e os 16 altamente recomendados. Se você se deparar com
qualquer um destes rótulos, considere seriamente comprá-lo!!!
Excelente
Altamente
recomendados
Sainsbury’s Taste the
Difference, 1er Cru 2005
Berry Bros &
Rudd, United Kingdom Cuvée, Grand Cru 2005
Pierre
Vaudon, 1er Cru 2005
P
Brugnon 1er Cru 2008
Este
post é tradução livre da matéria escrita por Michael Edwards na edição
de Janeiro de 2014 da Decanter.
Material consultado
para este post:
Vinhos
Franceses – Robert Joseph
Wine
Grapes – Jancis Robinson
*Crédito das fotos 1 e 2: site Comité Champagne.
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