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Pisa Range Estate Winery |
Nos
últimos 25 anos, esta região tornou-se o padrão do Novo Mundo para a Pinot
Noir. Esse salto na qualidade foi fruto da substituição de variedades híbridas
por castas europeias, movimento iniciado na década de 60 do século passado.
Central Otago diferencia-se das demais
regiões vinícolas da Nova Zelândia pelo seu clima continental (situa-se no
interior da ilha Sul). Verões quentes, invernos bem frios e a ausência da
influência marítima favorecem a Pinot Noir (cepa mais plantada na região), conferindo
a seus vinhos estilo parecido com o dos produzidos na Borgonha.
Os enólogos de Central Otago são uma raça em
constante mudança. Um dos pioneiros foi o francês Jean Désiré Feraud, que
bravamente plantou videiras em 1864. Feraud foi seguido nos anos de 1970 e 1980
por alguns moradores aventureiros que experimentaram uma gama de variedades e
locais, provando que a área era propícia para a viticultura. Viticultores e
enólogos profissionais foram atraídos para a região e acabaram por provar que Central
Otago poderia fazer vinhos muito bons, especialmente Pinot Noir. Os mais
recentes interessados são produtores de outras regiões, como a Cloud Bay,
Pernod Ricard (Brancott Estate) e Craggy Range, buscando incluir um Otago Pinot
Noir em seus portfolios.
Para entender completamente a sedução desta
região, é necessário visitá-la. É a única região vinícola com influência continental
da Nova Zelândia e a paisagem alpina é espetacular. Mesmo para o olho destreinado
parece um país do vinho. O terreno rochoso oferece vales férteis, encostas
ensolaradas e socalcos (encostas com terraços) perfeitos para a produção de
vinhos de alta qualidade.
Estilo
Distinto
Levou pouco mais de 25 anos para o Central
Otago Pinot Noir se tornar um estilo reconhecido internacionalmente. Para
alcançar essa distinção um estilo de vinho deve ser muito bom, consistente e,
mais importante, completamente diferente. As características mais fortes do
Central Otago Pinot Noir são os marcantes aromas frutados, com destaque para ameixa
e cereja. Com frequência os vinhos apresentam textura rica e adquirem notas de
tomilho, erva nativa da região.
As sub-regiões que tendem a produzir vinhos semelhantes
são Bannockburn e Cromwell Basin. Os terraços de média e alta elevação de
Bendigo oferece um perfil similar, com textura mais fina e elegante. Gibbston e
Wanaka são sub-regiões mais frias com vinhos mais nítidos e brilhantes, que
podem ter notas de ervas frescas, enquanto os verões quentes e curtos da região
de Alexandra Basin tende a criar vinhos mais perfumados e encorpados, que muitas
vezes impressionam pela longevidade.
Comparáveis por especialistas aos vinhos da
Borgonha/Côte d'Or, os Pinot Noir de Central Otago são considerados mais macios,
frutados, frescos e mais acessíveis.
Central Otago Pinot Noir é normalmente tão acessível
quando lançado que é fácil inferir que não que não tenham potencial de guarda. No
entanto, é difícil falar com autoridade sobre o potencial de envelhecimento do Pinot
Noir neozelandês, em virtude de sua história curta já que a maioria dos
produtores preferiu adotar o sistema de screwcap para o fechamento das garrafas
(cerca de 8 anos atrás). Screwcaps prolongam e não comprometem a vida do Pinot
Noir. Pode-se especular que a maioria ainda estará boa para beber depois de 20
anos em garrafa, desde que mantidos em condições razoáveis de armazenamento.
Vinhos mais estruturados, especialmente
aqueles feitos usando uma porcentagem de cachos inteiros para reforçar os
taninos durante a fermentação, parecem ganhar em complexidade e textura com o envelhecimento
em garrafa.
Saiba
mais sobre as safras
2012 – Safra abundante e consistentemente
boa. Pronta para beber e com potencial de guarda.
2011 – Acima da média. Choveu um pouco. Vinhos
estruturados que evoluirão bem na adega.
2010 – Safra muito boa. Produziu vinhos
excelentes que já estão bons para serem bebidos agora, mas não tenha pressa.
2009 – Vinhos excelentes, muitas vezes com
sabor pronunciado de frutas. Tão boa quanto a grande safra de 2007.
2008 – A safra de maior produção já
registrada. A maioria dos vinhos são bons embora alguns possam apresentar corpo
magro se foram afetados pela chuva tardia.
2007 – Safra bem conceituada, talvez a melhor
até o momento. A colheita foi pequena. Os vinhos são frutados, elegantes e
poderosos. Envelhecerão bem.
2006 – A estação foi seca e quente e produziu
vinhos charmosos e acessíveis.
2005 – Safra muito pequena e fresca. Os
vinhos são firmes, estruturados e precisam em tempo em adega.
2004 – A safra mais fria (até 2005). Os
vinhos são concentrados e estruturados, e com frequência apresentam aromas herbais.
2003 – Boa safra, embora tenha sido atingida
por geadas. A maioria dos vinhos tem potencial para envelhecer.
Dados
de Central Otago
Vinhedos de Pinot Noir em produção em Central
Otago: 1.357ha (76% dos vinhedos da região)
Vinhedos de Pinot Noir em produção na Nova
Zelândia: 5.125ha
Quantidade de uvas colhidas anualmente (todas
as variedades): 8.407 toneladas
Produção: 124 vinícolas e 33 produtores de
uvas
A revista Decanter realizou uma degustação de 90 rótulos das safras 2009,
2010, 2011 e 2012 de vinhos da casta Pinot Noir. Foram
selecionados vinhos de produtores renomados e desconhecidos, grandes e pequenos
e de diversas faixas de preços.
Os resultados foram 5
excelentes, 32 altamente recomendados, 49 recomendados e 4 razoáveis.
Listamos aqui os 5
excelentes e os 32 altamente recomendados. Se você se deparar com qualquer um
destes rótulos, considere seriamente comprá-lo!!!
Excelentes
Altamente recomendados
Este post é uma adaptação e tradução
livre da matéria escrita por Bob Campbell na edição de Janeiro de 2014 da Decanter.
Literatura pesquisada para este post
Os Segredos do Vinho,
de José Osvaldo Albano do Amarante
The Landscape of New Zealand Wine, Kevin Judd e Bob Campbell
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