Notícias da enosfera… O boom das exportações do vinho brasileiro

Idas e Vinhas

A reputação do vinho brasileiro é um assunto controverso entre enófilos, blogueiros e profissionais do ramo. Não apenas no que se refere à qualidade em si, mas a política de preços (sim, também consideramos abusiva na grande maioria dos casos), desconfiança nas práticas de produção empregadas, o ufanismo exagerado...

Mas não se pode negar que a qualidade do produto nacional vem melhorando sensivelmente. A criação de denominações de origem, o engajamento de produtores sérios, a maior inserção na mídia especializada e a quebra de alguns preconceitos são alguns dos fatores que trazem mais atenção ao produto nacional.

Nós mesmos temos provado alguns vinhos nacionais muito bons. Sim, discordamos muitas vezes dos preços praticados mas ainda acreditamos que esse mercado poderá ser mais racional assim que a histeria coletiva que aceita preços estratosféricos passe. E sim, ela vai passar.

Alguns blogs e outras mídias já relataram sobre o aumento expressivo das exportações de vinho brasileiro. E agora foi a vez da revista inglesa Decanter dedicar um artigo ao assunto, já que o Reino Unido é o nosso principal mercado importador.

A revista em artigo publicado na segunda feira, 16/02/2015, assim como o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), também credita esse aumento à visibilidade conferida ao Brasil pela Copa do Mundo de Futebol de 2014.

De acordo com a matéria, as exportações cresceram cerca de 75% em comparação a 2013. O total exportado alcançou 2,65 milhões de litros, o equivalente a 3,53 milhões de garrafas, totalizando algo em torno de 9,5 milhões de dólares.

As exportações para o Reino Unido aumentaram 400% em relação a 2013, cerca de 583 mil garrafas.

As vinícolas maiores e mais conhecidas ainda são responsáveis pela maior parte das exportações. Miolo, Aurora, Salton e Casa Valduga, de acordo com a representante da agência inglesa de marketing e importação Wines of Brazil (um projeto em parceria com o Ibravin), Judy Kendrick. Mas, segundo ela, ainda há espaço para novos produtores.

A Go Brazil Wines & Spirits é uma companhia que importa exclusivamente vinho brasileiro. Conferimos o site e atualmente eles trabalham com: Campos de Cima, Casa Valduga, Cave Geisse, Lidio Carraro, Miolo, Pizzato/Fausto, Rio Sol, Sanjo e Aurora.

Seu diretor comercial, Nicolas Corfe, declarou que a Copa de Mundo sem dúvida contribuiu para o aumento do consumo, mas a sensível melhora na qualidade dos vinhos brasileiros também é um importante fator.

Agora todos os atores do setor aguardam o que pode ser o próximo boom para a vinicultura nacional, as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro.

Hoje as regiões de cultivo no Brasil totalizam algo em torno de 83.700 hectares, divididos em 6 regiões distribuídas pelo Sul e Nordeste do País:

- Rio Grande do Sul: Serra Gaúcha, Campanha, Serra do Sudeste e Campos de Cima da Serra;
- Santa Catarina: Planalto Catarinense;
- Bahia: Vale do São Francisco

Projetos da Embrapa em conjunto com associações de produtores vêm contribuindo não apenas para a melhoria do produto em si, mas para a criação de uma identidade para o vinho nacional. A criação das denominações de origem é um dos frutos desse trabalho. São as seguintes (dados de 2012):

Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO) para Vinhos no Brasil, 2002, 2010 e 2012.

Ano
IP
DO
2002
Vale dos Vinhedos (RS)
-
2010
Vinhos Pinto Bandeira (RS)
-
2012
Vales da Uva Goethe (SC)
Vale dos Vinhedos (RS)
2012
Vinho Altos Montes (RS)
-
Fonte: Sato, Geni Satiko, 18/03/2013. Indicação Geográfica (IG) para vinhos no Brasil.IEA.

Idas e Vinhas
Mapa das regiões produtoras de vinho no Brasil (fonte: Ibravin)

Fontes consultadas para esse post:

http://www.iea.sp.gov.br/

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