A bebida, descoberta
por Baco (o equivalente romano a Dionísio na Mitologia) era o combustível que
movia animadas festas bacanais. Bacanais, diga-se em tempo, vem de Baco e eram
as festas celebradas em honra dele, o deus do vinho. Nada mais que isso.
(Ninguém aí pensou algo diferente, certo?).
Mas imagine só que
espécie de vinho deveria ser servido àquela época nas bacanais! Sem os
conhecimentos ou as técnicas que se aplicam hoje... (Daí talvez - palpite meu -
culmine o fato de algumas bacantes cometerem certos excessos impudicos e o nome
da festa ter adquirido outro teor, pejorativo, na modernidade. Admito não ter
conhecimento de estudo sério sobre a qualidade do vinho servido e seu efeito
colateral no comportamento dos devotos de Baco em tais festejos. É puro palpite
mesmo...).
Por sorte nossa, que
vivemos na modernidade e bebemos os vinhos da atualidade, os processos de
cultivo e manejo das uvas e as técnicas de produção dos vinhos têm se renovado
e se modernizado, desde os tempos de Baco até os nossos dias. Por bem ou por
mal... Ouvimos histórias pitorescas como a de produtores familiares em que as
gerações mais novas, sabendo da necessidade de trocar antigas parreiras por
cepas mais convenientes ao clima da região e diante da resistência dos pais
(mais apegados à história dos antepassados que trouxeram aquelas espécies para
aquelas terras), promoveram uma viagem de férias para os patriarcas e, na
ausência destes, trocaram parreiras centenárias de toda uma propriedade por
mudas novas e mais promissoras. (Agora imagine só a cara dos patriarcas quando
voltaram dessas férias!). Essa história nós ouvimos em visita a uma conhecida
vinícola no sul do Brasil, mas não duvido que tenham ocorrido tantas outras
parecidas mundo afora ao longo de séculos de busca pelo aperfeiçoamento...
E, assim como os
produtores (grandes ou pequenos) entram numa busca sem limites por técnicas e
conhecimentos que viabilizem a produção de vinhos cada vez melhores, também
aqueles que começam a beber vinho (com grande ou nenhuma pretensão) vão ficando
cada vez mais intrigados, instigados e desejosos de expandir suas sensações de
aromas, de paladar e de prazer diante de um novo vinho, e entram numa certa
busca também...
E foi assim que nós
dois, amadoramente, começamos a incluir nas nossas viagens roteiros que
envolvessem algumas vinhas. E foi assim que passamos a trocar algumas
figurinhas com o casal Follador e que acabamos por ser convidados a contribuir
com algumas histórias "enocuriosas" para o Idas e Vinhas.
Enocuriosas porque
nos move, nesse sentido, a curiosidade pelo vinho. E porque nada (ou quase
nada) sabemos de vinho. Não somos conhecedores nem estudiosos, nem sequer
amantes. Somos amadores. E principiantes eternos.
E, claro, como
amadores e principiantes que somos, vamos falar um pouco aqui dos nossos passeios
a vinhas, bodegas e afins, mas atendo-nos muito mais a aspectos turísticos das
nossas "enovisitas", focando mais no passeio em si, na beleza e
estrutura do lugar, nas histórias que nos foram apresentadas, na
condução/explicação da degustação pelos guias/enólogos, etc... Dos vinhos em si
vamos dar a nossa opinião meramente pessoal e com base no "gostei" ou
"não me agradou", eventualmente nos atrevendo a descrever algumas
sensações, nunca técnicas, apenas intuitivas.
Caberá, a quem nos
lê, decidir se compra a aposta no vinho comentado ou só no passeio sugerido...
E, se nos permitem
um brinde por essas prosas que teremos por aqui a partir de agora, com sua
licença... Tim-tim!
Como começamos a
beber vinho
No princípio eram as
prateleiras do supermercado... E as da padaria da esquina de casa...
Instigados por um
velho amigo, bom apreciador de vinhos e que sempre nos “chacoteava” porque
precisávamos aprender a beber para um dia podermos partilhar desse prazer com
ele, nós passamos a comprar alguns vinhos junto com as compras básicas da
semana.
Obviamente, àquela
época, fazíamos escolhas e nos agradávamos de alguns vinhos que hoje não nos
causariam encanto algum. E é natural que seja assim. Conforme a pessoa vai
provando novos vinhos, ela vai expandindo sua percepção de aromas e sensações e
vai descobrindo aspectos que gosta ou desgosta num vinho e que ela nem poderia
supor, anos atrás, irresoluta diante de tantas opções incógnitas naquela
prateleira do supermercado.
E aí um mundo novo
se abre, você conhece outras pessoas que apreciam vinho e que te dão dicas, se
depara com outras opiniões, vai se familiarizando com expressões e nomes que
nunca tinha ouvido e, quando vê, você se tornou digno de abrir uma garrafa com
aquele velho amigo e, mais que isso, descobriu-se também um apreciador - ainda
que amador.
Que fique claro aqui:
ainda compramos vinho da prateleira do supermercado e da padaria. E, não raras
vezes, ainda nos detemos irresolutos sem saber o que levar. Como já dissemos anteriormente,
somos principiantes eternos! Mas hoje, alguns anos depois das primeiras
experiências, já sabemos quais vinhos nos agradam, elegemos os nossos próprios
"ícones", alguns preferidos (e também os preteridos) e fazemos
escolhas apostando nesse ou naquele aspecto que passamos a perceber
positivamente...
E, da mesma forma
que muitos dos vinhos que nos agradavam 2 ou 3 anos atrás já não nos agradam
hoje, não temos ilusões de que os vinhos que "iconizamos" hoje
poderão não mais figurar entre os nossos preferidos daqui a mais 1 ou 2 anos.
Porque, nesse tempo, teremos provado muitos outros vinhos e isso terá
amadurecido e alterado a nossa percepção. É um aprendizado que não tem fim. Ainda
bem!
Enocuriosos
(Os enocuriosos são Dagô e Simone).
* Fotografias de Dagô e Simone.
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