Após
finalizar os relatos sobre nossa primeira visita ao Chile (em Setembro de 2014)
faremos agora um salto de 11 meses para escrever sobre outra experiência
igualmente rica e talvez mais desafiadora. Fomos ao Velho Mundo do Vinho e nos
propusemos a conhecer (e degustar) vinhos da Toscana.
Na
verdade, a proposta inicial era uma viagem turística à Itália com a
possibilidade de visitar algumas vinícolas – sem grandes pretensões. No curso de
nosso planejamento surgiu a possibilidade de compartilharmos a viagem com Alexandre Follador e pensamos: por quê
não? Afinal, nosso comparsa poderia aproveitar nossa expertise em viagens de baixo custo e focadas em turismo cultural e
nós poderíamos aproveitar seu conhecimento e credenciais para dar um
substancial upgrade em nossos
passeios enológicos. Sem pestanejar, ajustamos alguns aspectos de logística e
mergulhamos nesta aventura.
Montamos nossa base em Florença e partimos para o primeiro desafio – a região dos vinhos Chianti. Nossa primeira parada foi na vinícola Castello di Verrazzano. É bastante fácil encontrar os rótulos desta vinha em toda a Toscana e ao visitar sua página web percebe-se que se trata de um produtor com um esquema comercial e turístico bem estruturado. Como não havia um interesse especial pelo vinho da casa e também porque dispúnhamos de bastante tempo livre, optamos pelo passeio Sabato Special e é sobre ele que comentaremos aqui.
A
vinícola está situada no povoado de Greti,
acessível pela Strada Provinciale 33
(SP 33). É possível utilizar o transporte público (a partir de Florença) até a
loja da vinícola (que fica na via Citille) e de lá subir a pé por 2 quilômetros
até o castelo (eles até explicam em detalhes como fazer em dove siamo, na aba
“com mezzi pubblici da firenze”). Porém, em função do tamanho da “ladeira”, não
recomendamos esta experiência.
A visita
começou com uma recepção acalorada em uma área externa em frente à construção
principal. Após alguns minutos, fomos entregues ao jovem Ezra Zipper que iria
guiar-nos até o interior da bodega. Durante esta curta caminhada, o guia
aproveitou para já iniciar a narrativa sobre o início da tradição viticultora
no castelo e comentou algumas características da região do Chianti.
Não
visitamos os parreirais (que estavam bastante carregados já que a vindima estava
prestes a começar) mas conhecemos a bodega principal, a sala de “passificação”
de uvas, a vinsantaia e a sala de envelhecimento dos vinhos tintos.
Visitamos também um grande terraço que permite avistar boa parte da zona
produtora do vinho que é um dos ícones da Itália, o Chianti. Embora o guia fosse bastante comunicativo, ficou claro que
havia um longo texto a ser falado e que seria difícil tornar a visita mais
personalizada sem ferir o script já
programado. Além disso, éramos ao todo 20 pessoas (aproximadamente) e isso por
si só torna qualquer tipo de roteiro muito mais objetivo e pragmático.
Findo o
passeio guiado, fomos conduzidos ao restaurante da vinícola (fora das
instalações originais do castelo). Ainda assim era um salão muito bonito e com
excelente vista para um mar de vinhedos. Em poucos instantes o serviço do
almoço começou: foram servidos água e o vinho de entrada – o Il Rosé 2014.
Na
sequência fomos surpreendidos por gigantescas tábuas de frios que foram
servidas como porção individual (!) – neste momento pensamos que aquele seria o
prato principal pois ainda não estávamos plenamente acostumados com os hábitos alimentares
do povo italiano. Ledo engano: havia um primo
piato depois daquela pequena entrada. Junto com a pasta, digo, massa, foi servido o primeiro tinto - o Nuovetendenze Red Toscana IGT (que
estranhamente não encontrei na página web
da vinícola). Ainda durante o serviço da massa fomos apresentados ao Chianti Classico Riserva 2012 e, por fim, pudemos degustar o vinsanto Il Canonico Lodovico 2007 (também não consta mais no portfólio da
Verrazzano) acompanhado de cantuccini
(parte da tradição toscana).
Aproveitamos
cada minuto da estada e após “fecharmos” o restaurante fomos até um belíssimo
terraço que há defronte à saída para respirar ao ar livre sob um magnífico “céu
de cachos de uva”. Nesta pequena pausa, refletimos um pouco sobre a experiência
que acabávamos de vivenciar e, é claro, já estávamos buscando outra bodega para
visitar.
Como boa
parte das vinícolas da região do Chianti
não organiza roteiros turísticos aos finais de semana (muitas delas nem estão
abertas para visita nestes dias), achamos melhor passear de carro pelas
lindíssimas rodovias da região sem um destino determinado e deixando que o acaso
(ou melhor dizendo, as inúmeras placas com indicações de degustações) nos
guiassem. Deu certo: em pouco tempo (como por mágica!) nos encontrávamos na
sala de degustações da Vignamaggio.
Não conseguimos fazer a visita guiada sem o agendamento prévio mas esta é uma
outra história – e que será contada na próxima postagem desta série.
No
caminho de volta para Florença ainda fizemos uma pequena parada na vinícola Terreno
para (por que não?) degustar mais alguns vinhos e conhecer um pouquinho desta
bodega comandada por suecos. Não havia tempo para uma visita completa e por
isso não teremos um relato por aqui mas podemos afirmar que se trata de um
produtor com belas instalações e um estilo sóbrio com um “quê” de clássico
(ainda que não lembre em nada o jeito italiano de ser...) – serviu como um bom
encerramento para nosso primeiro dia no dadivoso e belíssimo território do Chianti.
Antes que
nos esqueçamos, é preciso dar aqui nosso veredicto...
É "mais passeio" ou é
"mais vinho"?
É mais
passeio. Nenhum dos vinhos degustados na Castello
di Verrazzano nos empolgou (mesmo o vinsanto
nos pareceu sem personalidade) e, sinceramente, não apresentam boa relação
custo x benefício. Por outro lado o passeio realizado, mesmo com algumas
ressalvas, é sim um diferencial a favor desta vinícola, pois se trata de um
passeio bem estruturado e que agrada bastante ao turista em busca de uma
refeição à italiana acompanhada de vinhos produzidos na região e em um lugar muito
bonito.
Salute!
Enocuriosos
*fotografias
de Dagô e Simone.
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