Visitamos
a Viu Manent no mesmo dia em que estivemos na Montes. O
taxista foi nos buscar após o almoço e partimos para nosso próximo passeio (a
cerca de 9 km dali - ou 6,2 km se você parte do centro de Santa
Cruz). O trajeto percorrido entre as vinhas era muito bonito, sobejado de
oliveiras e lindos ciruelos (pés de ameixa - que, àquela ocasião, estavam todos floridos).
A Viu Manent é uma vinícola familiar. A propriedade é muito bonita e a sede tem ares de casa de fazenda antiga. Aliás, os "ares de fazenda" foram recentemente reforçados pelos proprietários quando decidiram criar uma infraestrutura para oferecer cavalgadas, aulas de equitação, campeonatos de polo, passeios de charretes etc, para crianças e adultos. Isso também serviria como uma alternativa para manter a propriedade sempre cheia de visitantes – mesmo nos períodos de entressafra, quando a procura por "enopasseios" é bem menor. Pelo que vimos, funciona bem. A propriedade estava cheia de famílias passeando a cavalo, crianças brincando e um grande grupo aproveitando ainda o almoço (a vinícola também possui um belo restaurante e uma cafeteria).
Fomos
recebidos pelo sério, porém muito gentil, José. A primeira coisa que disse
quando se certificou de que éramos brasileiros foi: "eu mi chamu
Jusé" (num esforço fonético para pronunciar da mesma forma como nós,
brasileiros - ao menos os do sudeste - pronunciaríamos) - em vez de
apresentar-se "Rossè", como seria de se esperar.
Não
pagamos por um tour privado, mas acabamos fazendo o passeio só nós dois
porque não havia mais pessoas agendadas para aquele horário. Nosso guia começou
o tour nos conduzindo a uma sala com muitas fotografias (antigas e
atuais) que mostravam as diversas gerações da família desde os fundadores da
vinícola, bem como banners que ilustravam, dentre outras
coisas, os vários tipos de solo e sua relação com a qualidade das uvas
cultivadas em cada um deles. Dali, seguimos acomodados numa bucólica charrete
até a edificação onde as uvas são vinificadas.
Foi uma
visita muito interessante e bem diferente das que havíamos feito no Chile até
então. Aqui pudemos ver um pequeno laboratório no qual enólogos faziam, naquele
momento, os mais variados testes. Aliás, tivemos a oportunidade de provar um "vinho"
(ainda “em processo”) extraído de um dos tonéis (exatamente o "vinho"
que os enólogos estavam analisando). Definitivamente... não era bom! Mas foi
muito bacana poder conhecer a bebida antes de pronta, imaginar (ou tentar
imaginar) como ela iria ficar ao fim de todas as etapas e ver um pouco o
trabalho dos enólogos que já começam a fazer controles e buscar equilíbrio
entre acidez, corpo, açúcares desde um estágio ainda mais precoce que aquele -
inclusive fazendo repetidas provas como a que fizemos (coitados!).
No
caminho de volta, José nos falou um pouco sobre a edificação da propriedade, que precisou ser praticamente toda reconstruída após o
terremoto devastador de 2010 (que atingiu 8,8 pontos na escala Richter!), e nos explicou que, após ocorrida a catástrofe, todas as novas construções
erguidas no Chile tiveram de atender a uma série de normas preventivas e de
segurança e a regulamentos técnicos antissísmicos e que, portanto, estávamos
agora num prédio seguro.
Ali
na sede, José nos conduziu à sala de degustação onde provamos 5 vinhos, nesta
sequência: Secreto
Sauvignon Blanc 2013, Estate Collection Reserva Merlot 2013, Secreto
Syrah 2012, Gran
Reserva Cabernet Sauvignon 2012 e
Single
Vineyard San Carlos Malbec 2012. A orientação da degustação, aqui, nos pareceu menos
rica que nas duas outras vinícolas que havíamos visitado antes (veja aqui
e aqui)
– não sabemos se pelo adiantado da hora (pois estávamos no tour do último horário) ou se por um certo cansaço que o José já
demonstrava àquela altura. O fato é que não nos foi dado muito tempo para
perceber as notas olfativas e sensações "em boca" de cada vinho, embora o José
até fizesse as considerações a respeito... Também não chegamos a ser
surpreendidos por nenhum dos vinhos (positiva ou negativamente).
Os vinhos
Acabamos
comprando dois rótulos: o Gran Reserva Cabernet Sauvignon (que, aberto
em casa, não nos agradou muito) e o Single Vineyard Syrah El Olivar Alto (este sim, mais simpático ao
nosso gosto).
É "mais
passeio" ou é "mais
vinho"?
É mais
passeio. Não nos agradamos "em cheio" de nenhum dos vinhos que provamos.
Já a visita à propriedade e à edificação onde as uvas são vinificadas, o fato
(curioso) de poder provar o "vinho" antes de pronto (o que, apesar de
horrível, é muito instigante), e de poder ver alguns enólogos trabalhando no
laboratório, contemplar a natureza em volta e a nova edificação (construída
idêntica à original que ruiu com o terremoto), enfim: o passeio, o lugar, as
histórias (sem contar a possibilidade de almoçar por ali e/ou andar a cavalo),
tudo isso nos pareceu ser o grande diferencial e o ponto alto da Viu Manent. É,
sem dúvida, um excelente lugar para curtir um lindo dia ao ar livre.
Enocuriosos
*fotos de
Dagô e Simone
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dessa postagem? Confira o post sobre a visita anterior desta série aqui.
Quer seguir nos acompanhando nessa viagem? Ela continua por aqui, ó:
ResponderExcluirhttp://www.idasevinhas.com.br/2015/06/enocuriosos-vinas-de-chile-casa.html