Enocuriosos... Viñas de Chile - Undurraga

Idas e Vinhas

Minha-Nossa! Há quanto tempo não damos o ar da graça por aqui?!! Mas onde é que estávamos mesmo? Ah, sim! Na nossa primeira visita ao Chile! No finalzinho da viagem... Ok. "Bora" retomar, então!

Restando apenas dois dias mais naquele país, ainda tínhamos tempo de fazer uma última visita a alguma viña antes de voltar para o Brasil. Escolhemos a Undurraga, uma vinícola que, até então, não havíamos ouvido falar mas que, depois de conhecê-la no Chile, passamos a observar que vários estabelecimentos dispõem dos vinhos da casa em suas cartas aqui no Brasil.

Chegar à Undurraga é muito fácil: você tem a opção (prática e barata) de ir de ônibus  (destino Talagante) a partir do Terminal San Borja e saltar na porta da vinícola (não deixe de confirmar se o itinerário inclui a vinícola, pois alguns ônibus com destino a Talagante fazem um caminho alternativo). Na volta, basta atravessar a estrada e pegar o mesmo ônibus no sentido Santiago. Mais fácil que isso... só dois disso!

A visita à Undurraga foi, de longe, a mais completa e enriquecedora que fizemos naquela primeira viagem ao Chile. Acreditamos que isso se deveu, em parte, por estarmos num tour privado (o Tour Privado Founders - que recomendamos muitíssimo, aliás), mas também porque o nosso guia/enólogo era um profissional que ia muito além do protocolar. Simpaticíssimo e muito curioso em descobrir qual tipo de interesse nos levava até ali, conduziu todo o tour como se fosse uma boa prosa!

Como já tínhamos visitado outras vinícolas e não estávamos tão "crus" no assunto (ou, por outra: como já tínhamos algumas questões e "pulgas" atrás da orelha), foi possível tirar várias dúvidas e assimilar mais conhecimento, desmistificar algumas impressões (sobretudo sobre a presença, muitas vezes incômoda, de "pimentão" num carménère...) e aprender coisas que não podíamos imaginar até então (como, por exemplo, o fato intrigante de que vinho não tem sabor (!) e sim sensações, e que é a soma dessas sensações que faz você achar que um vinho tem sabor "disso ou daquilo").

Começamos nosso tour pela área externa, onde nos foram explicadas e mostradas as diferenças entre as cepas (características das folhas de cada uma, quem brota antes, quem brota por último, quem amadurece primeiro, o tempo exato da colheita de acordo com cada característica que se pretenda ressaltar no vinho etc)... O jovem enólogo tinha muito conhecimento e nos dava detalhes muito interessantes de tudo. O passeio é todo muito interessante, mas gostamos especialmente deste contato "botânico" com as diversas espécies de parreiras. Vimos exemplares já com novos brotos após a poda de inverno e outros que continuavam "dormentes" àquela altura - estávamos no finalzinho da estação. 

Idas e Vinhas
Os primeiros brotos ainda no inverno. Tempranillo?
O contato mais próximo dos parreirais, com as explicações, as comparações e as constatações "in loco", foi realmente muito bacana e bem diferente de tudo que havíamos conhecido até então. O jovem enólogo, aliás, nos explicou que, no Chile, quem pretende ser enólogo deve ter formação em agronomia e concluiu que não se pode elaborar bons vinhos sem sujar as mãos de terra.

Idas e Vinhas
Amostra das peças do museu.
Passeamos pelos parreirais, conhecemos a linha de produção, os tanques, os barris, a sala de envelhecimento... Não faltou informação e conhecimento! Por fim, antes da degustação, visitamos um museu ao estilo dos "precolombinos" tão comuns em terras chilenas. Um museu muito interessante, sem dúvida, mas que foi pouco aproveitado por nós - já que estávamos ansiosos pela degustação!


Idas e Vinhas
Clássica foto dos barris repousando (e permitindo, ao tempo, trabalhar).
A degustação

A degustação foi muitíssimo proveitosa! Além da ótima qualidade dos vinhos oferecidos (o que, por si só, já faz uma degustação ser boa), a orientação dada pelo enólogo foi muito bacana e nos ajudou a perceber e desvendar muitos aspectos (de cor, olfato e "sabores") naqueles vinhos. E não podemos esquecer de citar o acompanhamento composto de biscoitos, queijos deliciosos e uma pastinha idem, além de frutas secas (este último, um item raro de encontrar nas degustações por lá).

Idas e Vinhas
Mesa de degustação.
Após nossas primeiras experiências em degustações naquele país, onde começamos "engatinhando" e pudemos notar claramente um "crescendo" na nossa sensibilidade "em nariz" e "em boca", passando a perceber aromas que nunca havíamos percebido e outras coisas mais "complicadas" como retrogosto e outras sensações..., a visita e degustação na Undurraga foi como fechar esse aprendizado inicial com chave de ouro. Foi uma verdadeira aula prática, mas sem nenhum caráter pedante ou "professoral": o enólogo era um moço muito simpático e o tom de informalidade nos deixou muito à vontade.

Os vinhos 

Os vinhos oferecidos na degustação foram T.H. Sauvignon Blanc, T.H. Carménère, Founders Colection Cabernet Sauvignon e Altazor (um Blend das uvas Cabernet Sauvignon,  Syrah, Carménère e Merlot). Todos muito bons, mas o que nos arrebatou foi o T.H. Carménère, por ter desconstruído a visão de tínhamos do que fosse um carménère e por representar um ótimo custo-benefício! Trouxemos um exemplar para o Brasil e, depois, já aqui, achamos que deveríamos ter trazido mais...

Idas e Vinhas
Vinhos inclusos no tour privado.
À parte a degustação, compramos uma taça avulsa no balcão do Vigno, à época um varietal da uva Carignan - pela curiosidade que nos causaram os comentários super elogiosos do enólogo. Era um vinho... intrigante! Com perfume que lembrava vetiver ou... (para uma referência mais "nossa") lembrava o cheiro da flor de uma árvore chamada "abricó de macaco". Não era (ainda) um vinho para o nosso paladar, definitivamente.

É "mais passeio" ou é "mais vinho"?
Se você fizer o tour privado, é mais passeio - especialmente pelas informações a respeito das uvas, plantio, colheita etc, que tanto nos encantaram. Explicando melhor - achamos o tour privado tão bacana e completo que vale muito a pena pagar pelo passeio e conhecer um pouco mais a fundo uma vinícola bastante respeitável. Não podemos avaliar o tour Sibaris mas deixamos aqui uma dica - este tour é normalmente utilizado pelas empresas de turismo locais para alocar seus clientes e isso quer dizer que você estará acompanhado de muitos turistas que nem sempre terão o mesmo interesse pelo mundo dos vinhos. Se quiser fazer uma visita sem compromisso (leia-se, agendamento) também é possível - a vinícola possui o serviço de degustação por taça com preço justo no qual você poderá experimentar o que a casa tem de melhor. Ah, o pátio principal e a boutique da propriedade são de livre acesso e podem fazer parte de seu passeio alternativo e render boas fotos e compras.

¡Salud!

Enocuriosos

* Fotos de Dagô e Simone


Gostou dessa postagem? Confira o post sobre a visita anterior desta série aqui.

Comentários

  1. Estou com o mesmo sentimento, acho que trouxe poucos TH Carmeneres pro Brasil, aqui está muito caro, em torno de 160 reais, no Chile paguei 56!!!! Esse vinho mudou minha opinião sobre Carmeneres, hoje quero esse como os Malbecs Argentinos. Fabiano

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