Enocuriosos... Viñas de Chile – Cousiño Macul

Foto do acervo particular da vinícola, exposta no museu – “foto da foto”.
Depois de dois dias e meio muito bem aproveitados em Santa Cruz, no Vale de Colchagua, voltamos a Santiago, onde visitaríamos mais duas viñas no entorno da capital chilena, numa região denominada Vale do Maipo (que abrange parte da "grande Santiago", digamos assim), e começamos pela Cousiño Macul.

Para chegar à vinícola, tomamos o metrô até a Estación Quilín e de lá seguimos de táxi até a propriedade. Se você fizer o mesmo, utilize a saída que dá acesso ao Mall Paseo Quilin porque isso facilita a tarefa de encontrar um táxi e evita que o carro tenha que fazer um retorno para pegar a via da bodega. Ao todo, o trajeto percorrido desde a Estación Santa Lucía, em Santiago, durou cerca de 35 minutos... (o trecho de táxi é relativamente curto e não chega a pesar no bolso).
Na Cousiño Macul  tivemos um problema de fácil solução mas que se revelou muito desagradável. Fizemos a reserva por e-mail (para o tour com degustação premium) e obtivemos a confirmação da mesma - também via e-mail. Ocorre que, chegando à vinícola, o atendente/guia nos disse que só poderíamos fazer a visita comum, pois ele não encontrava a nossa reserva. Argumentamos que a reserva havia sido confirmada por eles, que ficara faltando apenas indicar o idioma, e solicitamos que ele fizesse a gentileza de verificar o equívoco, checando em sua caixa de mensagens. Um procedimento, em princípio, muito simples. No entanto, longos minutos se passaram sem que ninguém nos desse qualquer informação e passamos a presenciar um deselegante jogo de "empurra" entre os funcionários da casa. 

Decidimos sair de perto para deixá-los "à vontade" para resolver a questão entre eles e ficamos aguardando na sala de estar, anexa à recepção (já estávamos cansados de apreciar a lojinha - muito tempo já havia se passado). Como estávamos dentro da nossa razão e já tínhamos nos deslocado até lá, decidimos não "arredar pé" e aguardar até que nos apresentassem uma solução. 

A solução veio em tom de "favor" e com 40 minutos de tempo transcorrido. Estávamos (como é de se imaginar) bastante aborrecidos com toda essa situação... Fomos agregados a um pequeno grupo que começaria uma visita naquele exato momento e ficamos todo o tempo sem saber, de fato, qual solução havia sido dada, pois nada mais foi dito além das seguintes palavras: "Vamos abrir uma exceção para vocês. Vocês podem acompanhar esse grupo que vai começar o tour agora"...

Idas e Vinhas
Tanques de fermentação onde se faz o ícone Lota.
Durante a visita, nosso guia (o mesmo que nos recepcionou e "cuidou" do impasse da reserva) se mostrou muito simpático... O tour foi bacana (embora muito simples se comparado às visitas que havíamos feito até então - especialmente em Santa Cruz, onde, em cada vinícola, um novo conhecimento nos era agregado - veja aqui, aqui e aqui). As instalações são bonitas e rústicas, além de apresentarem uma certa aura de antiguidade, tanto na cave como na grande sala onde é processado o ícone da casa, o Lota (aliás, o único rótulo produzido ali). Há ainda uma "salinha-museu" onde são expostos maquinários e utensílios antigos como a máquina de arrolhar garrafas (uma a uma e "no muque"), as placas antigas de destinos para exportação, além de fotos muito bonitas e ilustrativas do cotidiano dos trabalhadores na linha de produção, bem como outras engenhocas e traquitanas interessantes e pitorescas. Este nos pareceu, realmente, o momento mais interessante - e até bonito - do passeio: um "museu" bastante representativo, ainda que simples e pequeno. Sentimos falta, nesse tour, de visitar os vinhedos na área externa.

Idas e Vinhas

Ao fim da visita, do lado de fora (e de pé), provamos 3 vinhos da casa. Nesse momento, um outro funcionário fazia vários sinais negativos para o nosso guia e apontava para o grupo (na nossa direção). Quando viu que nós havíamos percebido, desistiu de fazer os sinais (que o guia sequer notou). Ficamos com a forte impressão de que o moço tentava avisar que nós dois (os agregados àquele grupo) não deveríamos provar daqueles vinhos mas, como estávamos neste grupo todo o tempo sem entender direito qual a proposta, seguimos com a prova que nos foi oferecida.

De fato, ao que tudo indica, não deveríamos ter provado daqueles vinhos mesmo. Ao que parece, “pegamos carona” no tour comum. Isso porque, acabada a breve degustação, o pessoal do grupo foi encaminhado à lojinha para comprar seus vinhos e efetuar os pagamentos (ou seja: fim do passeio para eles) e nós fomos orientados a aguardar enquanto começavam a preparar (só então) a sala para a degustação que havíamos reservado.

Devemos confessar que o desgaste causado pela maneira como foi conduzido o "mal-entendido" em relação a nossa reserva (a nosso ver, uma simples falha na comunicação e que poderia ter sido sanada de forma igualmente simples) e a falta de clareza no trato com o cliente quanto à "solução" dada (outra falha na comunicação - ou indiferença...) ficou repercutindo na nossa disposição por quase toda a visita - incluindo o final, quando deduzimos estar no tour comum... 

Idas e Vinhas

Sabe aquele ditado popular que diz: "a primeira impressão é a que fica"? Neste caso, a "primeira impressão" foi sendo reiterada repetidas vezes e... "ficou"!

Ficou mas passou. E nós oferecemos um doce (uma receita de bolo) a quem adivinhar em qual momento passou. (Alguém?)... Passou no momento exato em que, acabada a visita guiada (e após provar dos vinhos que não eram destinados para nós) nos sentamos na sala de degustação para provar os (ótimos) vinhos das linhas Finis Terrae e Antiguas Reservas! Passou tudo, toda "mágoa" e aborrecimento. A partir daquele momento ficamos alegres e com o coração cada vez mais leve!

A degustação foi ótima – pelo simples fato de que os vinhos eram muito bons. A orientação da degustação é que não agregou valor. Embora o nosso guia continuasse nos tratando com grande simpatia, a apresentação dos vinhos foi demasiado apressada (e não poderíamos esperar nada diferente, afinal, eles estavam "abrindo uma exceção" para nós) e, após apresentar brevemente os vinhos, o guia simpático saiu da sala e pediu que ficássemos à vontade para degustar... 

A verdade é que, a essa altura - ... três... com cinco ... Oito vinhos (!) - a essa altura a gente não estava “ligando a mínima” para buscar uma percepção apurada na nossa degustação! Se os vinhos apresentavam notas “disso” ou “daquilo”, se eram frutados ou amadeirados, se o álcool equilibrava com a acidez; se tinham retro gosto “assim” ou “assado”... a gente não estava "nem aí"! Mas... uma coisa podemos garantir: os vinhos eram realmente bons! 

É "mais passeio" ou é "mais vinho"?
É mais vinho, sem sombra de dúvida. A visita é bacaninha, mas está longe de ser um atrativo (entenda-se que fizemos, ao que tudo indica, a visita comum). Há uma nítida sensação de que o tour ocorre em uma vinícola desativada (com cara de museu) e sem grandes atrativos. Revisitando a página da Cousiño, verificamos que há agora um outro tipo de visita, com “maridaje”, que não estava disponível em set/2014, quando lá estivemos. Para nós, o bom da casa é que ela também oferece a degustação por taça, com preços atraentes, e desvinculada da visita e, o melhor: sem necessidade de reserva (e livre de eventuais mal-entendidos ou falhas na comunicação). Ah, não deixe de aproveitar a oportunidade de adquirir bom vinho por excelente preço!

Enocuriosos 
*Fotos de Dagô e Simone 
(exceto foto 1 - a "foto da foto" - de propriedade da Cousiño Macul)

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