Enocuriosos no Velho Mundo... Itália: Castello Il Palagio

Idas e Vinhas

Em nossas "perambulanças" pelo Chianti, muitas vezes, quando já não tínhamos visitas agendadas para aquele dia, acabávamos por ter o que chamamos de "dias de cachorro" - nada de pejorativo nisso, gente! Ter um "dia de cachorro" é assim: você sai andando por aí, ao léu, apreciando a paisagem e, onde houver uma porta aberta, vai entrando!

Foi assim que conhecemos a vinícola Castello Il Palagio. Estávamos voltando de duas visitas já realizadas naquele dia (a Vignamaggio e outra que não interessa comentar aqui). No Chianti, basta seguir as placas e procurar por uma "porteira aberta", deixando o faro e a intuição (ou, ainda, nosso desejo de conhecer mais vinhos!) nos guiar. Obedecemos aos instintos e não nos arrependemos!

Assim que chegamos à sede da vinícola (um pequeno castelo), nos deparamos com um vazio curioso e instigante – o tempo parecia parado. Nenhum indício de atividade humana. A porta da loja estava fechada e um grande portão que dava acesso a uma despensa, aberto. Tocamos a campainha, em vão. Não havia absolutamente ninguém para nos atender. E isso é relativamente (bastante) comum na Itália. Com pouco pessoal no receptivo, quando existem turistas para fazer visita, a pessoa responsável fecha as portas e leva o grupo para conhecer a propriedade. Chegamos exatamente num momento desses e, como nossa outra opção seria voltar mais cedo para Firenze (nosso pouso nesta ocasião), “farejamos” que não seria mau negócio esperar um pouco...


Idas e Vinhas
Enfim, a porta aberta.
Depois de uma espera considerável, avistamos o grupo retornando do passeio pelos vinhedos. Aguardamos uma moça terminar de acomodar todos os turistas em uma grande mesa (que foi preparada naquele instante) para servi-los e, em seguida, ela, a simpática e despojada guia, achando graça da grande correria em que estava envolvida, pediu que esperássemos un attimo para que pudéssemos (enfim) degustar. Como não tínhamos agendado o passeio (sequer sabíamos que esta vinícola existia e se produzia bons vinhos), aceitamos o que foi proposto: fazer apenas a degustação dos azeites (especialíssimos) e vinhos (ótimos) produzidos pela casa (aqui, gratuitamente - há locais que cobram por isso).

A simpatia de nossa anfitriã foi uma injeção de ânimo (pois já estávamos meio cansados da espera). Entre dicas de como degustar azeites e informações sobre os vinhos da casa, ela nos contou que já dividiu "apê" com brasileiros em San Francisco, que eram mineiros “muito gente boa” e que, por conta dessa experiência, ela podia compreender o português, embora nada falasse.


Idas e Vinhas
O que degustamos
Os vinhos da casa eram muito bons. Encantadores! Especialmente dois, de que gostamos muitíssimo! O Campolese 2007 (Sangiovese, varietal) e o Curtifreda 2011 (Cabernet Sauvignon, igualmente varietal). Sobre este último, nos arrependemos de não tê-lo comprado. Assim que você o prova, parece bom (só). Mas ele é mais que isso. O retrogosto vai evoluindo e se abrindo e você vai percebendo que há muitas características não óbvias ali, que se trata de um vinho incomum! Para não dizer que nosso “vacilo” foi total, trouxemos para casa o Campolese. Provamos também: Chianti Classico 2012, Chianti Classico Riserva 2007, e Montefolchi 2007 (Merlot, varietal).


Idas e Vinhas
Nossa aquisição
É "mais passeio" ou é "mais vinho"?

É mais vinho. Na verdade, não podemos avaliar o passeio porque, de fato, não o fizemos. Desfrutamos de agradáveis momentos durante a degustação e acreditamos que a Il Palagio tem mais a oferecer. Nossa prova de vinhos e azeites foi muito, mas muuuito além do esperado – dois varietais muito bem produzidos e azeites para lá de requintados. O atendimento “à italiana” também marcou aquele fim de tarde especial na Toscana.

Temos certeza de que demorará muito tempo para esquecer tão agradável sensação de estar à toa e à vontade mesmo tão longe de casa.

Salute!

Enocuriosos
*fotografias de Dagô e Simone.

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