Depois da estada no Valle do Elqui, retornamos
para Santiago com o objetivo de estar perto de nossos próximos destinos: duas
“viñas” na província de San Felipe de
Aconcagua. Uma dessas visitas foi motivada por reiteradas recomendações da
Ana Cristina sobre a beleza da bodega e as qualidades dos vinhos ícones da
casa. Vinhos ícones? (Como assim? Mais de um?!) Sim, o relato de hoje é sobre
uma casa que produz 5 ícones (!) – trata-se da famosa Viña Errazuriz.
Os Enocuriosos procuravam conhecer outra
região vinícola do Chile e por isso o Valle de Aconcagua foi facilmente identificado em nosso “radar”.
Vejam só por quê: se encontra a pouco mais de uma hora de Santiago, possui boa
infraestrutura e boas estradas, é bem servido por ônibus intermunicipais e
possui uma das bodegas estelares do Chile. Foi após ler um pouco sobre a Errazuriz que soubemos ser ela a
estrela da Cata de Berlim e que seus vinhos tinham conseguido romper uma
difícil barreira – a influência da origem sobre a percepção da excelência.
Após
esta pequena introdução, vamos ao relato propriamente escrito. Em Santiago, tomamos
um ônibus para San Felipe diretamente no Terminal de Buses los Heroes. O
ônibus segue sem paradas até o terminal rodoviário desta pacata cidade (que
soubemos depois ser uma antiga rota de caminhoneiros que cruzam os Andes indo e voltando ao sul do Brasil)
e ali mesmo, na saída do terminal, é possível pegar um táxi com facilidade.
Nosso plano era bem simples: ir até uma cidade próxima e lá tentar fazer o
percurso de táxi (com o apoio da internet tudo fica fácil...). Tivemos a
felicidade de encontrar uma boa companhia de viagem, D. Nancy, que nos conduziu
com tranquilidade (e também uma boa proza) até nosso destino final – a 16
quilômetros da cidade, no povoado de Panquehue.
A
primeira visão da viña é simplesmente deslumbrante. Os vinhedos circundando
toda a propriedade, a bodega histórica e o edifício novo são parte de um
retrato muito peculiar e difícil de esquecer. Utilizando a visualização por satélite
fica mais fácil entender como esta gigantesca propriedade encanta – todos os
degraus dos montes são cobertos de vinhedos.
Chegando
à recepção (que fica na bodega histórica), fomos apresentados ao staff e após alguns minutos de espera
demos início ao passeio. Cabe aqui um parêntese: Agendamos a Visita Icono Don Maximiano e
fizemos o tour sem outros acompanhantes além do guia – normalmente ficamos
felizes quando isso acontece porque a visita acaba por se tornar exclusiva e,
de certa forma, personalizável e menos roteirizada. Infelizmente não foi esse o
caso, pois a sensação que tivemos foi a de que estávamos atrapalhando a rotina
da casa ou de que apenas dois visitantes era muito pouco para empolgar nosso
receptivo turístico... (Mas como não queremos focar nos aspectos negativos,
daremos sequência ao relato.)
Ainda
na bodega histórica fomos apresentados a um grande painel de fotos e figuras
que contavam a história da família do fundador e como a paixão pelo vinho foi
passando de geração a geração. Essa introdução nos surpreendeu e cremos que foi
a melhor contextualização histórica que recebemos em visitas deste tipo.
Logo
em seguida visitamos a sala de barricas e a adega (com milhares e milhares de
garrafas, incluindo alguns dos ícones). Todos os espaços estavam impecavelmente
organizados e, é claro, isso é um convite para muitas fotos (que não nos
furtamos a tirar).
Saímos
da edificação histórica e nos dirigimos à belíssima Bodega Icono Don Maximiano. Há um vídeo na
internet com uma sequência de fotos que cobre toda a fase de construção deste
imponente prédio.
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A caminho da Bodega Icono, com a vista dos parreirais morro acima. |
Neste
edifício se dá o processamento das uvas e a fermentação nos grandes tanques. Na
foto abaixo é possível identificar que há tanques de carvalho e de inox. Perguntamos
o porquê deste fato e a explicação dada é que os tanques de madeira fazem parte
do primeiro lote adquirido para a Bodega
Icono e os tanques em aço, mais versáteis e de manuseio mais prático, foram
adquiridos posteriormente.
Quando
lá estivemos, a vendimia ainda não
havia começado e, por isso, a bodega estava praticamente inativa. Por este
motivo rapidamente fomos conduzidos à Bodega Histórica para a degustação de 3
vinhos.
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Vista externa da Bodega Histórica |
Na
ocasião, nos serviram os seguintes vinhos: Max Reserva Cabernet Sauvignon 2012, Aconcagua Costa Sauvignon Blanc 2014 e Don Maximiano 2011. Curiosamente o que mais nos agradou foi o
vinho da série Aconcagua Costa – pedimos, inclusive, para provar o Syrah da mesma linha para confirmar
nossa impressão mas a guia informou não ser possível atender nossa solicitação pois
não havia garrafas abertas deste rótulo... achamos estranho (principalmente
porque eles possuem o serviço de degustação por taça) mas consideramos que
seria melhor não confrontar. Resolvemos comprar uma garrafa para experimentar
no Brasil – sem dúvida esta foi uma excelente decisão porque o vinho, um 2012,
estava ótimo. Obs.: descobrimos depois que o casal Follador também provou (e aprovou) este rótulo (e da mesma safra).
Achamos
um pouco desconfortável o local escolhido para a realização da degustação – foi
utilizado um balcão no salão principal. Ficamos sentados em banquetas e sem
qualquer privacidade – me parece que esta proposta é mais adequada para uma
degustação por taça, mas não é muito cortês com quem buscou uma degustação top em uma viña de excelência. Ainda assim saímos de lá felizes com a
experiência que tínhamos acabado de viver principalmente porque o lugar é lindo
e a visita foi privativa.
É "mais passeio" ou é
"mais vinho"?
É mais
vinho. Talvez possa ser “mais passeio” para algum outro visitante, mas nossa
visita foi permeada de falhas por parte do receptivo turístico. Não fomos
sequer convidados a conhecer os outros vinhos disponíveis para a compra e a
todo instante sentíamos que nossa visita não era muito importante para a casa.
Os vinhos, embora não tenham agradado em cheio nosso paladar, possuem sem
dúvida uma identidade própria – é fácil identificar que são complexos e
refinados. Não degustamos os outros ícones, mas para quem provou um Don Maximiamo
já está de bom tamanho.
Em breve
faremos o relato da outra viña visitada neste mesmo dia.
¡Salud!
Enocuriosos
*fotografias
de Dagô e Simone.
Ana Cristina e Alexandre Follador também visitaram a Errazuriz! Veja aqui.
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