Já faz um bom tempo que não escrevemos sobre nossa
segunda viagem ao Chile, não é mesmo? A verdade é que estivemos a adquirir
novas enoexperiências por aí e faltou tempo (ou inspiração) para falar
(escrever) sobre uma viagem que já está guardada em nosso arquivo de memória
“intermediário”. Como ainda temos muito a contar sobre as vinícolas visitadas no
Chile (foi, disparado, nossa melhor enoviagem – até o momento) vamos, aos
poucos, retomando a narrativa.
Ao final da visita e degustação na Viña Errazuriz, a D.
Nancy Vergara (taxista muito gentil e atenciosa que tivemos a sorte de conhecer
na saída do terminal rodoviário de San Felipe) já nos aguardava para nos levar
ao próximo destino, localizado a 35 quilômetros dali, na localidade de Paidahuen: a Viña San Esteban.
No
caminho, nos demos conta de que precisávamos almoçar (!) - não havíamos sentido
falta de comida até então... (Quem disse que vinho não alimenta?) Acabamos
aceitando a sugestão da Sra. Vergara e fomos almoçar no Raconto –
um restaurante tradicional localizado na Plaza de Armas (a praça central de San
Felipe). Valeu a pena. Comida caseira, bem feita, bom tempero, bom atendimento
e preços justos. Então, de "panduio" cheio, e já a bordo de nosso “táxi-guia”,
sentimo-nos preparados para provar ainda mais vinhos!
Chegando a San Esteban fomos recepcionados pela simpaticíssima Daniela.
A vinícola é bonita (embora mais simples que outras grandes e mais famosas no
Chile - o que não chega a ser um defeito, pois a simplicidade tem lá o seu
charme) e oferece passeios muito interessantes,
desde cavalgadas a visitas a um parque arqueológico, passando por pedaladas
entre os vinhedos. Infelizmente, por conta dos recursos financeiros de que
dispúnhamos e de outras prioridades que elegemos para aquela viagem, tivemos de
nos privar de alguns prazeres - e um passeio desses, no fim das contas, na
ponta do lápis, representaria visitar menos vinícolas (e, consequentemente,
conhecer - e comprar - menos vinhos)... Fizemos, então, uma visita com
degustação, tão somente. Ainda assim, foi bem bacana.
Demos
início ao tour ali mesmo, logo ao lado da recepção. Os vinhedos tomam conta de
toda a área externa e com alguns poucos passos já estávamos a mirar aquela já
conhecida visão do parreiral carregado de frutos. Daniela nos ofereceu a prova
de algumas espécies tintas e brancas, já bem doce pelo estágio da maturação
àquela altura. Muito divertida e à vontade, nossa guia também nos deu uma dica
de como fazer uma bela foto do vinhedo. A dica da foto nós já conhecíamos,
aprendemos numa visita no Brasil (veja aqui), mas valeu de toda forma!
Embora
Daniela tenha informado ser também enóloga, sua função na vinícola estava
restrita às atividades turísticas e, antes que pudéssemos questioná-la sobre trabalhar
em uma função distinta de sua formação técnica, ela deixou claro que é muito
feliz recebendo os turistas e trocando experiências com os inúmeros visitantes.
Explicou que o trabalho do enólogo é muito monótono e solitário e que isso não
era bem o perfil dela. (Percebemos ali que nossa visita seria um pouco
“diferente” do habitual).
Nossa
guia explicou que a Viña San Esteban
segue o estilo francês, mas nossa quase total ignorância sobre o que aquilo
significava nos impediu de perguntar maiores detalhes sobre esta característica.
Enquanto tentávamos descobrir algum indício do referido estilo, visitamos a
enorme sala de barricas e recebemos aquelas informações básicas sobre barricas
de 1º, 2º e 3º usos e sobre o tempo de vida útil das mesmas.
Em
seguida adentramos ao salão onde se encontravam os tonéis de aço e neste
momento aconteceu algo curioso: a guia decidiu iniciar a degustação com um
vinho branco ainda em fase de produção. Para tornar a experiência mais exótica,
a torneira que é utilizada para a degustação em processo (feita normalmente
apenas pelo enólogo da casa) estava emperrada e a solução foi utilizar o
registro principal. A foto abaixo diz mais do que qualquer palavra:
Não
lembramos qual a casta daquela “bebida”, mas entendemos que qualquer que fosse
não faria muita diferença – o líquido ainda não era vinho. Depois desta prova,
visitamos brevemente a linha de engarrafamento e nos dirigimos ao ponto inicial
– a recepção e loja de vinhos. Fizemos a degustação em pé, em volta de uma mesa
disposta bem no meio do salão. Provamos 4 vinhos da linha In Situ Reserva (de gama
média), acompanhados por ameixas e nozes. Os vinhos servidos foram: In Situ Sauvignon Blanc Reserva, In Situ Carmenère Reserva, In Situ Syrah Reserva e In Situ Cabernet Sauvignon Reserva. (Infelizmente não tomamos nota sobre o ano das
safras). O acompanhamento revelou-se adequado ao perfil dos vinhos e a proposta
da degustação, bastante informal, foi coerente com o perfil da visita.
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Nossa guia: Daniela |
Após
a degustação, exploramos um pouco a loja que, embora pequena, é muito bonita.
Havia muita variedade de vinhos e algumas opções de azeites (também produzidos
pela casa). É digno de nota que os preços dos vinhos eram muito acessíveis e
acabamos por adquirir um In Situ Signature Wines Aconcagua Blend para provar em casa.
Após
aproximadamente 1 hora e meia de visita estaríamos prontos para regressar a
Santiago se não houvesse um ponto turístico em nosso caminho de volta à capital:
o Santuario de Santa Teresa de Los Andes. (Para além da convicção religiosa de cada um, os Enocuriosos guardam certa empatia por
templos religiosos históricos e não poderíamos deixar de visitar um destes
quando o mesmo se encontra em nosso caminho. Achamos igualmente válido
registrar a dica por aqui).
Soubemos
previamente que o Santuario de Santa Teresa possui uma parada de ônibus e de que
lá poderíamos encontrar opções para Santiago. (Recorrendo ao mapa dá
para perceber que praticamente não há desvio no itinerário para fazer esta
breve visita). Chegando ao Santuário despedimo-nos de D. Nancy, pois o regresso
até a capital já estava garantido.
É "mais passeio" ou é "mais
vinho"?
É
mais passeio. É preciso deixar claro que não provamos os vinhos de alta gama e
tampouco escolhemos os passeios/opções turísticas mais sofisticadas. Então...
comparando vinhos medianos a um passeio mediano nos agradou mais o passeio. É
claro que a extrema simpatia e naturalidade da Daniela tornou nossa tarde muito
mais agradável e, também porque fizemos o tour
sem a presença de outros turistas, conversamos com ela assuntos que um
receptivo turístico mais formal não permitiria. O roteiro da visita não se
diferenciou de outras boas visitas a vinícolas e, por isso, focamos em explorar
as histórias de nossa guia e sua percepção sobre turismo enológico. Ficamos com
a impressão de que a Viña San Esteban
merece ser visitada para um passeio completo, utilizando as outras opções ofertadas
na página virtual. Os vinhos degustados não se sobressaíram, tampouco
comprometeram o prazer da visita.
Se
você pretende visitar alguma outra vinícola na região de Los Andes esta pode
ser perfeitamente sua 2ª opção. Para nós que estivemos na Errazuriz
pela manhã, a visita foi bastante conveniente.
¡Salud!
Enocuriosos
*fotografias de Dagô e Simone.
Gostou dessa postagem? Nossa segunda viagem ao Chile começou aqui.
Passeio incrível, vale muito a pena!
ResponderExcluirParabéns pelo artigo e pelo blog!