A bela
região do Vale do Loire inaugurou
nossa série de provas de vinhos franceses. Ao todo serão 40 rótulos que
escolhemos do portfólio da importadora Everest e sobre os
quais escreveremos aqui no blog. Os melhores farão parte do nosso clube de
vinhos.
Do Vale do
Loire, região famosa por seus brancos refrescantes e minerais, escolhemos
dois vinhos: um da AOC Muscadet
Sèvre-et-Maine e outro da AOC
Savenniéres.
A região
O Vale do
Loire vai muito além dos castelos e paisagens que lhe dão o nome de “Jardim
da França”. A região é líder nacional na produção de vinhos brancos (52% da
produção local é de brancos) e ocupa o 3º lugar na produção total, com cerca de
4 milhões de hectolitros/ano.
Seus
vinhedos se espalham ao longo do rio Loire, na mais longa rota do vinho
da França. São mais de 800 km e uma grande diversidade de solos e climas que se
refletem na vasta gama de brancos, espumantes, rosés e tintos com características
singulares em cada terroir.
A área de
cultivo abrange a região de produção do Muscadet
(próxima à cidade de Nantes, na
costa do Atlântico) e alcança até a região de Sancerre, no centro-norte francês. Muitos autores (entre eles Jancis
Robinson) dividem o Vale do Loire em quatro macro-regiões, da costa em direção
ao centro:
1. Pays Nantais (que inclui Muscadet);
2. Anjou-Saumur (ou Loire Central, que inclui
Savenniéres);
3. Touraine e
4. Alto Loire
No
intrincado sistema francês, uma região extensa como o Loire é subdividida em
grande número de AOC (Appelations d’Origine
Contrôlées). O site oficial dos vinhos do Loire citam 69 AOC, sendo 49 delas na
área que abrange Anjou-Saumur e Touraine.
A
importância de se entender o sistema de Appelations
deve-se ao fato de que raramente o nome das castas utilizadas são informadas
nos rótulos dos vinhos franceses. É útil saber que uma AOC particular determina
certos tipos de uvas que podem ser utilizadas na produção local.
Por exemplo,
ao se deparar com um vinho branco do Vale
do Loire, ele será feito da casta Chenin Blanc se for proveniente da
região mais próxima do Atlântico. Mas, à medida que se sobe o rio Loire em
direção à Sancerre, aumenta-se o
emprego da Sauvignon Blanc. A AOC
Muscadet, por outro lado, significa que o vinho é feito com a Melon de
Bourgogne, e por aí vai...
Tratando-se
de tintos, os vinhos do Loire são usualmente feitos a partir da Cabernet
Franc, mas à medida que se avança na direção da Borgonha, Pinot Noir
e Gamay aparecem mais significativamente.
O caráter dos vinhos
Os vinhos que
dão reconhecimento internacional ao Vale do Loire são os brancos de Sancerre e Pouilly-Fumé, e relativamente poucos mercados conhecem mais
profundamente as demais regiões.
Se produzir
vinhos de alta qualidade com regularidade é tarefa árdua, no Loire torna-se
ainda mais desafiadora. A região fica no limite do que é considerada uma
vitivinicultura comercialmente viável, uma vez que o clima da região (onde
verões longos e quentes são raros) nem sempre permite a maturação ideal das
uvas. Essa característica confere aos vinhos relativa alta acidez, o que
favorece a produção de vinhos brancos e espumantes.
Os tintos,
por outro lado, não correspondem à expectativa usual (cultuada nos mercados
ocidentais) por vinhos encorpados, alcoólicos, tânicos e envelhecidos em
carvalho. O grau de maturação das uvas não permite o desenvolvimento da
estrutura necessária ao mosto fermentado para que ele se beneficie de longos
períodos em carvalho. Em geral são vinhos delicados que são engarrafados o mais
cedo possível, preservando o frescor e o caráter frutado.
As macro-regiões
1. Pays Nantais
A região de Pays Nantais é a casa do Muscadet, um dos vinhos que promoveram
a fama do Loire quanto a seus brancos vivos e minerais.
Muscadet não
é o nome de uma região ou de uma casta, mas sim o nome do vinho produzido nessa
região que é a mais próxima da costa do Atlântico. Das quatro appelations que o produzem a mais renomada é a AOC Muscadet Sèvre-et-Maine (de onde escolhemos um dos vinhos da
volta à França), onde os vinhedos da casta Melon de Bourgogne são mais
maduros e, por isso, com melhor potencial para vinhos mais aromáticos. Mas
mesmo assim, são vinhos para serem bebidos jovens. Ainda nessa região ficam as appelations de Coteaux d’Ancenis e Fiefs
Viendéens.
2. Anjou-Saumur
A appelation de Anjour (ao
redor da cidade de Angers) vai bem mais além que a produção do rosé
barato que responde por quase metade do vinho produzido na região. A produção
de brancos secos a partir da Chenin Blanc evoluiu muito e tornou-se
consistentemente de boa qualidade, a partir do bom manejo e uso moderado do
carvalho.
Os tintos são leves e frescos, e em
sua melhor forma originam o Anjou-Villages e Anjou –Villages-Brissac.
Caberbet Franc, Gamay e Cabernet Sauvignon são as castas
mais comuns.
Savenniéres (appelation de onde vem outro rótulo da nossa volta à França) é uma
minúscula, porém mundialmente famosa região produtora de Chenin Blanc secos. Os
vinhos são bastante minerais, e embora possam ser apreciados jovens,
amadurecem extremamente bem, ganhando estrutura e complexidade.
Em seguida vem a região de Saumur, na cidade de mesmo nome, mais
conhecida por seus bem feitos espumantes de Chenin Blanc, de bolhas muito
pequenas e persistentes. Os tintos vão desde os leves e frutados até os mais
encorpados e fragrantes Saumur-Champigny
feitos com predominância da Cabernet Franc.
3. Touraine
Touraine abrange as appelations de onde vêm os mais famosos tintos do Loire: Chinon, Bourgueil e St-Nicolas de
Bourgueil. Empregando como base a Cabernet Franc, seus vinhos são vivos e
bastante frutados. Prontos para consumo quando jovens, em anos de verões mais
quentes ganham em estrutura, complexidade e longevidade.
A variedade de vinhos produzidos é
bastante grande, já que Touraine é uma appelation
vasta e que produz cerca de 40 milhões de garrafas/ano. Os vinhos mais comuns
são rotulados AOC Touraine ou com
sufixos de subregiões como AOC Touraine-Amboise, AOC Touraine Azay-le-Rideau,
etc. Gamay, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Malbec, Chenin
Blanc, Sauvignon Blanc, entre outras, são as castas permitidas.
4. Alto Loire
Sancerre e Pouilly-Fumé são os expoentes mundialmente famosos da região. As
duas appelations são separadas apenas
pelo rio Loire. Ambos são feitos exclusivamente a partir da cepa branca Sauvignon Blanc e são secos, muito
vivos e com aromas herbáceos e minerais. A cepa Chasselas é empregada para os vinhos da AOC Pouilly-sur-Loire, também nome da cidade que abriga o
Pouilly-Fumé.
A região
também inclui os chamados vinhedos do
Centro, mais no interior da curva do Loire: Quincy, Reully e Menetou-Salon. Enquanto Quincy produz
exclusivamente brancos (que podem ser bastante verdes e ácidos), Reully e
Menetou-Salon produzem tintos leves a base de Pinot Noir.
Sites
pesquisados para este post:
Loire Valley Wine Tour
Acompanhe a Volta à França em 40 Vinhos
Acompanhe a Volta à França em 40 Vinhos
- Vale do Loire
- AOC Muscadet Sèvre et Maine, Domaine de laVinçonnière - Laurent Perraud:Sur Lie 2013
- AOC Savennières, Domaine Martin - L'Aiglerie 2012
- Domaine Vrignaud Chablis 2013
- Domaine Vrignaud Chablis Premier Cru Fourchaume 2010
- Crémant De Perrière - Blanc de Blancs Brut
- Domaine Henri & Gilles Buisson -Saint-Romain Sous Roche 2012
- Borgonha, AOC Chablis, DomaineCorinee et Jean-Pierre Grossot - Chablis Premier Cru Les Forneaux 2011
- Borgonha, Domaine Thevenet & Fils, Bussières Les Clos 2012
- Borgonha, AOC Chablis, Domaine Corinne et Jean-Pierre Grossot - Chablis Premier Cru Les Forneaux 2011
- Bordeaux, AOC Médoc, Château Le Monge 2011
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