Terça
feira de céu azul. Pegamos a estrada em direção a Casa Marín, no Valle de San
Antonio, que fica a 103 km de distância de Santiago em direção à Costa do
Pacífico. O percurso dura aproximadamente 1h30, a estrada é perfeita e a
paisagem vale a pena. Você nem vê o tempo passar.
A
recente e pequena sub-região do Valle de San Antonio, pertencente à região de
Aconcagua, situa-se imediatamente ao sul de Casablanca e bem mais próximo da
costa (apenas 4 km). O seu clima é similar ao de Casablanca, mediterrâneo,
porém um pouco mais frio. É dividido em duas zonas: Leyda e Lo Abarca.
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Nos
327 hectares desse vale são plantadas predominantemente as castas brancas
Chardonnay, Sauvignon Blanc e a tinta Pinot Noir. As principais vinícolas são a
Casa Marín, Matetic, Leyda e Viña Garcés Silva.
A
história da Casa Marín começa no final de 1999 e início de 2000, com o sonho da
proprietária Maria Luz Marín, quando decidiu ir contra todas as opiniões de
especialistas e colegas e adquiriu terras no Valle de San Antonio e instalou a
sua própria vinícola.
Maria
Luz é uma inspiração para os chilenos. Representa a perseverança e a capacidade
de concretizar um sonho. É a única mulher do Chile que é enóloga, dona de
vinhedos e da bodega de vinificação. Além disso, reuniu a família em trono
desse projeto, diversos membros estão envolvidos nas operações da vinícola.
Chegamos
a Casa Marín por volta das 10h30. Nossa visita incluía passeio pelos vinhedos, pela
bodega, degustação e um almoço com um membro da família Marín. O almoço é uma
das peculiaridades da vinícola, e atrai muitos turistas. A comida é simples e
gostosa, bem preparada, e você se sente parte de tudo aquilo por algumas horas
bastante agradáveis.
Quem
nos recebeu, logo na entrada da bela propriedade (de estilo colonial,
ornamentada por belos mosaicos feitos pela artista plástica Patrícia Marín,
irmã de Maria), foi o Sr. Osvaldo Marín, irmão de Maria Luz. É ele quem
normalmente conduz as visitas, com toda a calma e interesse em responder todas
as perguntas.
Os vinhedos
As
primeiras vinhas foram plantadas em 1999, e o primeiro vinho foi lançado em
2003. Foi um sucesso imediato, esse Sauvignon Blanc recebeu 93 pontos da Wine
Spirit e foi o primeiro vinho branco chileno a ser comercializado no mercado
inglês por mais de 9 libras esterlinas (atingiu o preço de 14 libras). Até
então, todos se perguntavam se vinhas plantadas tão próximas do litoral (apenas
4 km) produziriam vinhos de qualidade.
E
é justamente esse terroir tão peculiar que dá identidade aos vinhos da região. São
apenas 50 hectares, divididos em 38 parcelas que compõem os 8 vinhedos da
propriedade (cada um com características próprias de composição do solo e
exposição ao sol). O solo da propriedade, com algumas variações, em sua maior
parte possui uma camada de sedimento marinho (logo abaixo de uma camada de solo
argiloso, misturado a areia e calcáreo), e o sal trazido pelos constantes ventos
frios litorâneos (a temperatura máxima na região alcança apenas 270C
no verão), se impregnam na terra e nas plantas. Isso confere aos vinhos
mineralidade, acidez e uma leve salinidade.
O
Sr. Osvaldo considera o terrroir, a baixa produção (apenas 5 a 6 toneladas de
uvas por hectare, enquanto os grandes produtores chegam a 30 toneladas) e a
colheita mais tardia em função do clima (pode se estender até fins de maio) os
fatores da alta qualidade de seus vinhos. A baixa produção é devida tanto à
baixa fertilidade do solo quanto ao controle da quantidade de uvas no pé e o
sistema de plantio das videiras, com apenas 4000 plantas por hectare (algumas
vinícolas trabalham com plantio adensado, chegando a 7, 8 mil plantas por
hectare).
O
maquinário da bodega é italiano, e a produção pode chegar a 180 mil garrafas
por ano.
A degustação
Após
o passeio pelo vinhedo, nos dirigimos à sala de degustação. A Casa Marín produz
essencialmente duas linhas de vinhos. A linha premium, sob o rótulo Casa Marín,
é constituída por 7 vinhos (Riesling, Gewürztraminer, dois Sauvignon Blanc,
Sauvignon Gris, Syrah e Pinot Noir). Os tintos seguem a fermentação natural e
não são filtrados, envelhecendo entre 1 e 2 anos em barricas francesas. Entre
os brancos, apenas o Sauvignon Gris (de produção bastante limitada) estagia em
madeira, por 6 meses. O tempo de guarda é estimado em até 7 anos.
A
segunda linha de vinhos traz o rótulo Cartagena, uma homenagem à municipalidade
onde está localizada a cidade de Lo Abarca, próxima a Casa Marín.
A
degustação que nos foi preparada trouxe três rótulos da linha premium Casa
Marín.
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Casa Marín Riesling 2009 / Casa Marín Sauvignon Blanc 2011 / Casa Marín Pinot Noir 2010 |
Casa Marín Miramar
Vineyard Riesling 2009
Para
quem não aprecia vinhos da casta Riesling por causa do aroma de querosene
deveria dar uma chance para este belo exemplar, pois aqui o querosene é quase
imperceptível.
Cor
amarelo palha muito brilhante, aromas cítricos de laranja e limão. Bastante
mineral e fresco no nariz, mas é na boca que a sua personalidade é apresentada.
Fresco, mineral, equilibrado, com notas de limão e um leve toque floral, com
final longo e agradável.
Este
exemplar é ótimo para o verão do Rio de Janeiro, mas cuidado: Você não vai
querer parar de tomá-lo...
Casa Marín Cipreses Vineyard
Sauvignon Blanc 2011
Esse
rótulo é o mais premiado da vinícola! No nariz há notas primárias e
secundárias, flores brancas (jasmim e lírios), abacaxi e grama cortada. Bom
corpo, chega a ser adocicado, suculento e com boa acidez.
Casa Marín Lo Abarca
Hills Pinot Noir 2010
Estes
vinhedos são plantados em encostas com orientação para o mar.
Frutas
vermelhas maduras, cerejas, framboesas e morangos. Notas de madeira e defumado,
muito acentuado. Boa acidez e os taninos são agradáveis.
Embora
de inegável qualidade, esse foi o que menos nos empolgou.
O almoço
Após
a degustação, o Sr. Osvaldo nos conduziu à Casa onde a família recebe seus
convidados para o almoço. A culinária típica da região é cuidadosamente
preparada.
A
entrada, com pãezinhos frescos, incluiu uma salada de folhas muito frescas. Em
seguida o prato principal, frango assado com arroz. Para a sobremesa,
deliciosas frutas da estação, com destaque para os suculentos morangos.....
A
proposta é ser uma experiência familiar, uma refeição caseira, acolhedora. E
foi assim que nos sentimos. O Sr. Oswaldo foi muito gentil e atencioso.
O
vinho do almoço foi o Cartagena Pinot Noir Três Vinhedos 2011. Aromático e leve,
mas com boa estrutura, foi uma excelente escolha. Embora da linha popular, esse
Pinot nos agradou muito mais que o da linha premium oferecido antes, na
degustação.
Foi
uma pena a visita ter acabado, passamos excelentes momentos e aqui agradecemos
o Sr. Osvaldo pela bela acolhida.
Mas
já estava na hora de seguirmos para a próxima vinícola, e então partimos em
direção à Viña Matetic....
Confiram os posts publicados até agora sobre a nossa maratona enogastronômica pelo Chile:
Confiram os posts publicados até agora sobre a nossa maratona enogastronômica pelo Chile:
Acompanhe a nossa maratona abaixo:
Idas e Vinhas na estrada - Roteiro completo da Volta ao Chile
Idas e Vinhas na estrada – 10/12/2012 - Viña von Siebenthal – Valle de Aconcagua
Idas e Vinhas na estrada – 10/12/2012 parte II - Viña Errazuriz – Valle de Aconcagua
Idas e Vinhas na Estrada – 11/12/2012 parte II – Matetic – Valle de San Antonio
Idas e Vinhas na Estrada – 12/12/2012 parte I – Altaïr – Valle de Cachapoal
Idas e Vinhas na Estrada – 12/12/2012 parte II – Santa Helena – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 12/12/2012 parte III – Almoço Casa Silva – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 12/12/2012 parte IV – Viña VIK – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 13/12/2012 parte I – Viña Montes – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 13/12/2012 parte II – Casa Lapostolle – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 13/12/2012 parte III – Neyen – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 14/12/2012 parte I – Viña Aquitania – Valle del Maipo
Idas e Vinhas na Estrada – 14/12/2012 parte II – Viña Almaviva – Valle del Maipo
Idas e Vinhas na Estrada – 14/12/2012 parte III – Antiyal – Valle del Maipo
Idas e Vinhas na Estrada – 15/12/2012 parte I – Viña Veramonte – Valle de Casablanca
Idas e Vinhas na Estrada – 15/12/2012 parte II – Viña Loma Larga – Valle de Casablanca
Idas e Vinhas na estrada – 10/12/2012 - Viña von Siebenthal – Valle de Aconcagua
Idas e Vinhas na estrada – 10/12/2012 parte II - Viña Errazuriz – Valle de Aconcagua
Idas e Vinhas na Estrada – 11/12/2012 parte II – Matetic – Valle de San Antonio
Idas e Vinhas na Estrada – 12/12/2012 parte I – Altaïr – Valle de Cachapoal
Idas e Vinhas na Estrada – 12/12/2012 parte II – Santa Helena – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 12/12/2012 parte III – Almoço Casa Silva – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 12/12/2012 parte IV – Viña VIK – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 13/12/2012 parte I – Viña Montes – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 13/12/2012 parte II – Casa Lapostolle – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 13/12/2012 parte III – Neyen – Valle de Colchagua
Idas e Vinhas na Estrada – 14/12/2012 parte I – Viña Aquitania – Valle del Maipo
Idas e Vinhas na Estrada – 14/12/2012 parte II – Viña Almaviva – Valle del Maipo
Idas e Vinhas na Estrada – 14/12/2012 parte III – Antiyal – Valle del Maipo
Idas e Vinhas na Estrada – 15/12/2012 parte I – Viña Veramonte – Valle de Casablanca
Idas e Vinhas na Estrada – 15/12/2012 parte II – Viña Loma Larga – Valle de Casablanca
Ana e Alexandre, o textos, a riqueza dos detalhes, as fotos e as informações, nos permitem fazer essa viagem com vocês! Parabéns!! bjs
ResponderExcluirObrigada, Monica! Beijos!
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