Idas e Vinhas na Estrada – 11/12/2012 parte I – Casa Marín – Valle de San Antonio


Idas e Vinhas
Terça feira de céu azul. Pegamos a estrada em direção a Casa Marín, no Valle de San Antonio, que fica a 103 km de distância de Santiago em direção à Costa do Pacífico. O percurso dura aproximadamente 1h30, a estrada é perfeita e a paisagem vale a pena. Você nem vê o tempo passar.






A recente e pequena sub-região do Valle de San Antonio, pertencente à região de Aconcagua, situa-se imediatamente ao sul de Casablanca e bem mais próximo da costa (apenas 4 km). O seu clima é similar ao de Casablanca, mediterrâneo, porém um pouco mais frio. É dividido em duas zonas: Leyda e Lo Abarca.
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 Nos 327 hectares desse vale são plantadas predominantemente as castas brancas Chardonnay, Sauvignon Blanc e a tinta Pinot Noir. As principais vinícolas são a Casa Marín, Matetic, Leyda e Viña Garcés Silva.

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A história da Casa Marín começa no final de 1999 e início de 2000, com o sonho da proprietária Maria Luz Marín, quando decidiu ir contra todas as opiniões de especialistas e colegas e adquiriu terras no Valle de San Antonio e instalou a sua própria vinícola.

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Maria Luz é uma inspiração para os chilenos. Representa a perseverança e a capacidade de concretizar um sonho. É a única mulher do Chile que é enóloga, dona de vinhedos e da bodega de vinificação. Além disso, reuniu a família em trono desse projeto, diversos membros estão envolvidos nas operações da vinícola.

Chegamos a Casa Marín por volta das 10h30. Nossa visita incluía passeio pelos vinhedos, pela bodega, degustação e um almoço com um membro da família Marín. O almoço é uma das peculiaridades da vinícola, e atrai muitos turistas. A comida é simples e gostosa, bem preparada, e você se sente parte de tudo aquilo por algumas horas bastante agradáveis.

Quem nos recebeu, logo na entrada da bela propriedade (de estilo colonial, ornamentada por belos mosaicos feitos pela artista plástica Patrícia Marín, irmã de Maria), foi o Sr. Osvaldo Marín, irmão de Maria Luz. É ele quem normalmente conduz as visitas, com toda a calma e interesse em responder todas as perguntas.

Os vinhedos

As primeiras vinhas foram plantadas em 1999, e o primeiro vinho foi lançado em 2003. Foi um sucesso imediato, esse Sauvignon Blanc recebeu 93 pontos da Wine Spirit e foi o primeiro vinho branco chileno a ser comercializado no mercado inglês por mais de 9 libras esterlinas (atingiu o preço de 14 libras). Até então, todos se perguntavam se vinhas plantadas tão próximas do litoral (apenas 4 km) produziriam vinhos de qualidade.

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E é justamente esse terroir tão peculiar que dá identidade aos vinhos da região. São apenas 50 hectares, divididos em 38 parcelas que compõem os 8 vinhedos da propriedade (cada um com características próprias de composição do solo e exposição ao sol). O solo da propriedade, com algumas variações, em sua maior parte possui uma camada de sedimento marinho (logo abaixo de uma camada de solo argiloso, misturado a areia e calcáreo), e o sal trazido pelos constantes ventos frios litorâneos (a temperatura máxima na região alcança apenas 270C no verão), se impregnam na terra e nas plantas. Isso confere aos vinhos mineralidade, acidez e uma leve salinidade.

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O Sr. Osvaldo considera o terrroir, a baixa produção (apenas 5 a 6 toneladas de uvas por hectare, enquanto os grandes produtores chegam a 30 toneladas) e a colheita mais tardia em função do clima (pode se estender até fins de maio) os fatores da alta qualidade de seus vinhos. A baixa produção é devida tanto à baixa fertilidade do solo quanto ao controle da quantidade de uvas no pé e o sistema de plantio das videiras, com apenas 4000 plantas por hectare (algumas vinícolas trabalham com plantio adensado, chegando a 7, 8 mil plantas por hectare).
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O maquinário da bodega é italiano, e a produção pode chegar a 180 mil garrafas por ano.

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A degustação

Após o passeio pelo vinhedo, nos dirigimos à sala de degustação. A Casa Marín produz essencialmente duas linhas de vinhos. A linha premium, sob o rótulo Casa Marín, é constituída por 7 vinhos (Riesling, Gewürztraminer, dois Sauvignon Blanc, Sauvignon Gris, Syrah e Pinot Noir). Os tintos seguem a fermentação natural e não são filtrados, envelhecendo entre 1 e 2 anos em barricas francesas. Entre os brancos, apenas o Sauvignon Gris (de produção bastante limitada) estagia em madeira, por 6 meses. O tempo de guarda é estimado em até 7 anos.
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A segunda linha de vinhos traz o rótulo Cartagena, uma homenagem à municipalidade onde está localizada a cidade de Lo Abarca, próxima a Casa Marín.

A degustação que nos foi preparada trouxe três rótulos da linha premium Casa Marín.
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Casa Marín Riesling 2009 / Casa Marín Sauvignon Blanc 2011 / Casa Marín Pinot Noir 2010
Casa Marín Miramar Vineyard Riesling 2009
Para quem não aprecia vinhos da casta Riesling por causa do aroma de querosene deveria dar uma chance para este belo exemplar, pois aqui o querosene é quase imperceptível.
Cor amarelo palha muito brilhante, aromas cítricos de laranja e limão. Bastante mineral e fresco no nariz, mas é na boca que a sua personalidade é apresentada. Fresco, mineral, equilibrado, com notas de limão e um leve toque floral, com final longo e agradável.

Este exemplar é ótimo para o verão do Rio de Janeiro, mas cuidado: Você não vai querer parar de tomá-lo...

Casa Marín Cipreses Vineyard Sauvignon Blanc 2011
Esse rótulo é o mais premiado da vinícola! No nariz há notas primárias e secundárias, flores brancas (jasmim e lírios), abacaxi e grama cortada. Bom corpo, chega a ser adocicado, suculento e com boa acidez.

Casa Marín Lo Abarca Hills Pinot Noir 2010
Estes vinhedos são plantados em encostas com orientação para o mar.
Frutas vermelhas maduras, cerejas, framboesas e morangos. Notas de madeira e defumado, muito acentuado. Boa acidez e os taninos são agradáveis.
Embora de inegável qualidade, esse foi o que menos nos empolgou.

O almoço

Após a degustação, o Sr. Osvaldo nos conduziu à Casa onde a família recebe seus convidados para o almoço. A culinária típica da região é cuidadosamente preparada.

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A entrada, com pãezinhos frescos, incluiu uma salada de folhas muito frescas. Em seguida o prato principal, frango assado com arroz. Para a sobremesa, deliciosas frutas da estação, com destaque para os suculentos morangos.....

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A proposta é ser uma experiência familiar, uma refeição caseira, acolhedora. E foi assim que nos sentimos. O Sr. Oswaldo foi muito gentil e atencioso.

O vinho do almoço foi o Cartagena Pinot Noir Três Vinhedos 2011. Aromático e leve, mas com boa estrutura, foi uma excelente escolha. Embora da linha popular, esse Pinot nos agradou muito mais que o da linha premium oferecido antes, na degustação.

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Foi uma pena a visita ter acabado, passamos excelentes momentos e aqui agradecemos o Sr. Osvaldo pela bela acolhida.

Mas já estava na hora de seguirmos para a próxima vinícola, e então partimos em direção à Viña Matetic....


Confiram os posts publicados até agora sobre a nossa maratona enogastronômica pelo Chile:

Acompanhe a nossa maratona abaixo:


Comentários

  1. Ana e Alexandre, o textos, a riqueza dos detalhes, as fotos e as informações, nos permitem fazer essa viagem com vocês! Parabéns!! bjs

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