Idas e Vinhas na Estrada – 14/12/2012 parte II – Viña Almaviva – Valle del Maipo



Deixamos a Aquitânia e logo chegamos à Almaviva, distante apenas alguns quilômetros, do outro lado da rodovia na região do Alto Maipo. 

Idas e Vinhas

O Almaviva é um dos ícones chilenos mais reverenciados no Brasil. Tornou-se objeto de desejo de milhares de enófilos (sim, nós também temos um Almaviva 2008 descansando em nossa adega...), o que fez com que o preço se elevasse a patamares alcançados por excelentes bordeaux.

A vinícola
A Almaviva foi fundada em 1997, e é uma associação entre dois poderosos grupos vinícolas: Baron Philppe de Rothschild S.A. e a Viña Concha y Toro. A intensão foi de criar um vinho premium franco-chileno de caráter excepcional, de nome Almaviva.

15 anos após o lançamento do primeiro Almaviva, a vinícola vem realizando eventos comemorativos pelo mundo. No Brasil, o 15º aniversário foi celebrado em um evento black-tie realizado no hotel Unique, dia 14 de Março de 2013 em São Paulo. O evento, para seletos 100 convidados, contou com a presença de membros da família Rothschild e do vice-presidente da Concha y Toro. A celebração no Rio de Janeiro aconteceu no dia 08 de Outubro no Copacabana Palace. Veja como foi.

A visita
Fomos recebidos pela guia Patricia Garabito, e iniciamos a visita com um passeio pelo vinhedo e pelo belíssimo entorno da bodega.

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Patricia explicou o respeito da vinícola para com as raízes chilenas, que estão profundamente ligadas ao povo Mapuche. Grandes totens estrategicamente posicionados, simbolizando os espíritos ancestrais, vigiam e protegem a bodega.

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Para produzir esse grande vinho, as videiras destinadas ao Almaviva formam um único vinhedo de cerca de 63 ha, seguindo o conceito dos vinhedos Gran Cru franceses. A Cabernete Sauvignon predomina, com cerca de 70% das videiras. A Carmenère vem em segundo, com cerca de 25%, enquanto os 5% restantes são divididos entre Cabernet Franc, Merlot e apenas 20 fileiras de Petit Verdot. A Petit Verdot, quando empregada no blend, tem a função de aumentar a acidez, reforçar cor e estrutura do vinho.

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Esse vinhedo é dividido em duas parcelas, Almaviva I e Almaviva II. A parcela Almaviva I é formada por videiras com mais de 30 anos, plantadas em sistema extensivo (apenas 2000 plantas/ha) enquanto a parcela II é formada por videiras com aproximadamente 11 anos (8000 plantas/ha). Para entrar na composição do precioso blend, as uvas candidatas devem vir de plantas de pelo menos 6 anos de idade.

A irrigação (com dutos enterrados) é necessária apenas para as plantas mais jovens. Acima de 5 anos, as raízes já possuem profundidade suficiente para alcançar o lençol freático. O controle dos cachos em cada planta é rigoroso. São deixados 4 cachos (cerca de 1kg) que são suficientes para a produção de apenas 1 garrafa.

Em seguida seguimos para a bodega. A belíssima construção é projeto de Martin Hurtado, renomado arquiteto chileno discípulo de Oscar Niemeyer. Isso fica evidente logo ao primeiro olhar, as linhas onduladas em perfeita harmonia com o ambiente.
 
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As curvas simbolizam os Alpes
A bodega também foi projetada para que o manejo das uvas e do vinho sejam feitos por gravidade. Passamos pelas área de recepção das uvas, fermentação e caves, finalizando com a sala onde o vinho estava sendo rotulado. O Almaviva passa 18 meses em barricas novas de carvalho francês, e mais 6 meses em garrafa antes de ser lançado ao mercado.

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A degustação
Antes de degustarmos o vinho, Patricia nos explicou o significado do rótulo e do nome Almaviva.

O nome Almaviva é uma referência à literatura clássica francesa. O Conde de Almaviva é o herói da comédia “As bodas de Fígaro”, de autoria de Beaumarchais (1732-1799). Mais tarde essa obra foi transformada em uma ópera por Mozart. A escrita no rótulo do vinho é o manuscrito original de Beaumarchais.

O símbolo que adorna o rótulo é uma homenagem à ancestral civilização Mapuche. O desenho evoca a visão da Terra e do Cosmos, e a harmonia entre a nova e a velha geração. Esse desenho aparece no “kultrun”, um tambor utilizado em rituais pelos Mapuches.

El nombre de Almaviva, pese a su resonancia hispánica, pertenece a la literatura clásica francesa: El Conde de Almaviva es el héroe de Las bodas de Fígaro, la famosa comedia de Beaumarchais (1732-1799), mas tarde sería transformada en una ópera por el genio de Mozart.


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Almaviva 2008
66% Cabernet Sauvignon; 26% Carmenère; 8% Cabernet Franc.

De cor rubi muito escura e brilhante e muito encorpado, o vinho é excelente. No nariz destacamos as notas de frutas vermelhas maduras, pimentões maduros, pimenta e cravo, além de toques de café e baunilha. Os taninos já estavam muito agradáveis, em equilíbrio com o álcool e a acidez. Já está pronto para beber, mas temos a percepção de que vai ficar ainda melhor com mais alguns anos de guarda.

Agradecemos à Patricia pela bela recepção!

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E com o espírito enlevado por essa experiência, seguimos para o almoço na Fundacion Origen.

O almoço

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Não muito distante da Almaviva fica a Fundacion Origen. Além de hotel, restaurante e local para eventos, é também uma escola rural para adolescentes em risco social.

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Fomos recebidos para um almoço muito agradável. O local é muito bonito e a comida muito bem elaborada. O serviço, extremamente atencioso. O vinho que escolhemos foi o Equs Chardonnay 2008, um belo exemplar da Viña Haras de Pirque (veja aqui um post sobre a Haras).

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Após o delicioso almoço fizemos um breve passeio pela escola, que possui horta orgânica e criação de animais.

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Mas o dia ainda não havia terminado! Seguimos diretamente para o próximo destino: Antiyal


Acompanhe a nossa maratona abaixo:

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